Privatização
“ESQUECERAM DE MIM” (1): Falta transparência à investigação da FUSP
Dois meses após a divulgação, pelo jornal O Estado de S. Paulo, de denúncias sobre conflito de interesses na atuação da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), envolvendo a execução de contratos milionários com o poder público em benefício de empresas pertencentes a docentes da USP, a Reitoria não voltou a tocar no assunto desde seu comunicado de 17/8. Naquela data, o reitor anunciou a constituição de uma Comissão Sindicante e prometeu manter a comunidade universitária “informada sobre o andamento dos trabalhos da Comissão Sindicante e das medidas tomadas pela fundação”.
Na verdade, sequer os nomes dos membros da Comissão Sindicante foram divulgados pela Reitoria. Nada veio a público até agora. E a troca na direção executiva da entidade deixou de ser registrada pelo site da FUSP, onde o nome do professor José Roberto Cardoso (EP) continuava a figurar nesse cargo até 8/10. Ainda de acordo com o site, o professor José Roberto Drugowich (FFCLRP) faz parte do Conselho Curador, embora tenha assumido a direção executiva em 18/8. Os dois cargos são incompatíveis.
O Conselho Curador da FUSP é presidido pelo reitor M.A. Zago e conta ainda com dois pró-reitores: José Eduardo Krieger (PRP) e Maria Arminda Arruda (PRCEU), todos portanto em situação clássica de conflito de interesses. O Estadão revelou que familiares do professor José Roberto Cardoso são os proprietários nominais de uma empresa subcontratada pela FUSP por R$ 546 mil. E identificou 44 contratos firmados pela fundação com 12 empresas de docentes, num valor total de R$ 2,3 milhões.
O Informativo Adusp indagou a Drugowich em 1º/9, por intermédio da Assessoria de Imprensa da Reitoria, se pretende acumular as funções de diretor executivo da FUSP e de superintendente de Relações Institucionais da USP (e se, neste caso, não estaria incidindo em conflito de interesses); se procede a informação de que partiu dele a decisão de retirar do site da FUSP as informações sobre projetos e contratos; e que medidas pretende tomar à frente da fundação. Não houve resposta até o fechamento desta edição, em 9/10.
Informativo nº 408
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