Milhares de pessoas participaram, no dia 29/11, da marcha “Ocupa Brasília”, para lutar contra a aprovação, pelo Senado Federal, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/16. A marcha foi pacífica, porém a resposta do governo federal e da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) foi uma enorme repressão, com emprego de centenas de bombas e balas de borracha, que feriram dezenas de jovens e idosos.

Além disso, houve evidências da infiltração de agentes provocadores entre os manifestantes. No dia seguinte, a mídia explorou o “vandalismo”, escamoteando a violência policial, sem destaque às reivindicações. A seguir, um resumo do relato do Andes-Sindicato Nacional.

A concentração da manifestação começou às 14h, em frente ao Ministério da Educação (MEC). Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, deu uma aula pública sobre os perigos decorrentes da aprovação da PEC, explicitando como o projeto serve para retirar direitos da população mais pobre, enquanto garante lucros maiores aos grandes empresários e banqueiros.

Às 16h, os manifestantes se dirigiram ao Museu Nacional, onde já se concentravam milhares de pessoas. Nem a chuva que caiu afastou da manifestação os milhares de docentes, estudantes e demais categorias de trabalhadores que chegaram a Brasília das mais variadas localidades do país para protestar contra a PEC 55.

“A PEC vai destruir a universidade pública”, comentou Adolfo Oliveira Neto, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA) que compõe o Comando Nacional de Greve (CNG) do Andes-SN. “Com ela, não consolidaremos cursos novos, não teremos dinheiro para pesquisa e extensão, vai acabar a assistência. Ela vai desmontar a universidade, e precisamos nos manifestar”. Ele ressaltou a presença de manifestantes de todos os Estados.

Maior desde 2003

A manifestação saiu com tranquilidade do Museu, e percorreu toda a Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional, onde os senadores apreciavam a proposta em primeiro turno. A marcha foi o maior ato na capital federal, em unidade de trabalhadores e estudantes, desde a Reforma da Previdência de 2003.

A PM-DF, em conjunto com a Polícia Legislativa, rapidamente iniciou a repressão. Os policiais lança­ram gás de pimenta nas pessoas e começaram a jogar bombas do alto, em diferentes pontos da manifestação, o que provocou correria. Várias pessoas caíram e foram atin­gi­das pelas bombas e estilhaços.

Mesmo com o recuo dos manifestantes, a polícia avançava contra as pessoas com a tropa de choque e a cavalaria e seguia com bombas para todos os lados. O carro de som, onde estava a coordenação do ato e jornalistas, foi impedido de seguir.

Uma hora depois, os manifestantes se reagruparam próximo ao Museu Nacional, mas a repressão seguiu. A PM-DF demonstrava clara intenção de levar a marcha o mais longe possível do Congresso Nacional. Dezenas de pessoas ficaram feridas e algumas foram detidas.

“Conseguimos mostrar essa resistência, juntamos mais de 30 mil pessoas em Brasília, foi a maior manifestação com presença sindical da última década. Foi um ato muito bonito, democrático e pacífico. Porém, na frente do Congresso, a polícia reagiu com uma repressão que caracteriza o Estado de Exceção que está crescendo no país”, declarou o professor Amauri de Medeiros, tesoureiro do Andes-SN.

Informativo nº 429

EXPRESSO ADUSP


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