Cinco professores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) fazem parte do governo de transição montado pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), como integrantes do grupo temático (GT) dedicado à área da Saúde.

São eles Giovanni Guido Cerri, ex-secretário estadual da Saúde e ex-diretor da FM; Edmund Chada Baracat, ex-pró-reitor de Graduação da USP (gestão V. Agopyan-A.C. Hernandes); Esper Georges Kallas, ex-membro do Comitê de Contingência do governo Doria-Garcia e ex-membro do GT-Covid 19 da USP; Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho, ex-diretor da FM; e Chao Lung Wen, especialista em telemedicina e em patologia. O GT da Saúde tem vinte participantes, todos homens.

A participação de Cerri, Baracat, Kallas, Barros Filho e Wen se dá na contramão do sentimento majoritário das universidades estaduais paulistas e da USP. Dado o perfil ultraconservador do governador eleito, que disputou o governo estadual como candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendeu na campanha eleitoral algumas propostas que integram a agenda da extrema-direita, a grande maioria da comunidade das universidades públicas estaduais e federais de São Paulo alinhou-se à candidatura de Fernando Haddad (PT), opondo-se explicitamente a Tarcísio de Freitas.

O manifesto intitulado “Esperança e Coragem para São Paulo – Em defesa da Ciência, da Cultura e da Universidade Pública”, por exemplo, divulgado no segundo turno da eleição, foi assinado por docentes da USP, Unicamp, Unesp, Unifesp e UFSCar. Entre os signatários que integram o corpo docente da USP estão o ex-reitor Agopyan, o ex-vice-reitor Hernandes e os ex-pró-reitores Sylvio Canuto, Paulo Saldiva e Hernan Chaimovitch. De acordo com o manifesto, os então candidatos Lula e Haddad eram, naquele “momento decisivo da história do país, a única garantia de um novo Brasil, menos polarizado, mais cidadão e democrático”.

No grupo temático da Educação, Cultura e Esportes, o expoente é Renato Feder, cujo nome já foi anunciado pelo governador eleito como futuro secretário estadual da Educação. Feder é o atual secretário da Educação do Paraná, onde comandou, sob respaldo do governador Ratinho Jr., uma agenda de privatizações, ensino por meio de videoaulas (para substituir força de trabalho docente) e a ampliação da rede de escolas “cívico-militares”, que hoje são 195.

Os outros nomes conhecidos desse GT são o da deputada estadual reeleita Valéria Bolsonaro (PL), que foi a relatora da CPI das Universidades (2019), e o da ex-atleta olímpica Maurreen Maggi, medalha de ouro no salto em distância em Pequim (2008) e hoje filiada ao Republicanos.

Dos demais grupos temáticos, chama atenção aquele dedicado à Segurança Pública e Administração Penitenciária, que conta com nove integrantes, entre os quais o ex-secretário estadual “linha-dura” Antonio Ferreira Pinto e Guilherme Muraro Derrite (“Capitão Derrite”), deputado federal reeleito (PL). Ambos são cotados para dirigir a pasta da Segurança Pública a partir de janeiro de 2023. Integra o GT, ainda, o ex-policial militar Nelson Santini Neto, que atuou nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). Santini é proprietário de duas empresas privadas de segurança, que atuaram na campanha de Tarcísio de Freitas. Só uma mulher faz parte do grupo: Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, presidenta do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindpesp) e vice-presidenta da Federação Nacional da categoria, e filiada ao PL.

EXPRESSO ADUSP


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