Saúde Pública
Sintusp convoca reunião aberta na segunda-feira (4/8) em defesa do Hospital Universitário, submetido a processo de sucateamento pela Reitoria desde 2014

O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) realiza na próxima segunda-feira (4 de agosto) uma reunião aberta em defesa do Hospital Universitário (HU) da USP. São convidados movimentos, entidades, coletivos e organizações comprometidos com a defesa da saúde pública e do HU.
A reunião ocorre a partir das 17h na sede do Sintusp (Avenida Professor Almeida Prado, 1362, na Cidade Universitária).
A carta-convite para a reunião ressalta que ao longo dos últimos anos o HU “vem sofrendo um acelerado processo de desmonte que tem intensificado a sobrecarga de trabalho dos funcionários combinado com a diminuição do atendimento ao público da região”.
Em 2023, o próprio Conselho Deliberativo do HU já apontou, prossegue a carta, “a necessidade de contratar pelo menos 500 novos profissionais, mas a Reitoria prevê apenas 120 até 2026, deixando a unidade muito aquém de sua capacidade histórica”.
O documento cita também as condições de infraestrutura do hospital, que mesmo depois de recentes reformas ainda mantém “falhas estruturais que colocam em risco pacientes e os profissionais que lá atuam”.
Outro ponto levantado pelo Sintusp é a queda significativa no número de atendimentos do HU, causada pelo enxugamento de seu quadro de pessoal e pela desativação de leitos e serviços, que dificultam “o acesso tanto da comunidade USP quanto da população do entorno ao direito à saúde e ao serviço público de qualidade”.
Os números do hospital são eloquentes. Antes do desmonte promovido pela gestão reitoral de M.A. Zago-V. Agopyan (2014-2018), o HU possuía cerca de 230 leitos e realizava 17 mil atendimentos mensais. Na atualidade, são cerca de 130 leitos ativos, com média de 4 mil a 5 mil atendimentos mensais.
Sucateamento iniciado na gestão Zago foi mantido por Agopyan e Carlotti Jr.
O Sintusp denuncia ainda “o avanço do projeto de privatização através das fundações [privadas] e organizações sociais, que funcionam como empresas beneficiando poucos, enfraquecendo o caráter público da universidade e transferindo recursos públicos para interesses privados”. “A Reitoria, ao insistir na entrega de serviços a estas fundações, intensifica a lógica privatista e o desmonte do HU”, diz a carta-convite.
“Esse processo não é resultado de crise financeira inevitável, mas de uma escolha política para submeter a saúde e o ensino às leis do mercado. Como afirmam entidades, docentes e trabalhadores, é urgente resistir a esse projeto de universidade voltada a interesses privados”, convoca o sindicato.
O sucateamento ao qual o HU vem sendo submetido foi reconhecido pelo próprio superintendente do hospital, José Pinhata Otoch, que em ofício encaminhado em agosto do ano passado à gerência do Centro de Apoio Regional à Saúde (CARS-9) da Secretaria de Estado da Saúde afirmou que o atendimento prestado pelo HU “não tem sido mais o mesmo e, infelizmente, a população tem sentido diretamente o impacto das mudanças”.
O quadro atual é consequência da política de sucateamento do HU e da interrupção da contratação de servidores(as) técnico-administrativos(as) na USP, implantadas na gestão Zago-Agopyan, alegadamente a pretexto de uma “crise financeira” na universidade.
A gestão Carlotti Jr.-Nascimento Arruda nada fez para alterar o cenário de descaso em relação ao hospital legado pelas administrações anteriores, embora o reitor seja médico, tenha sido diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) e seja atualmente docente da Faculdade de Medicina (FM).
Já em março de 2023, no início do seu segundo ano de mandato, Carlotti Jr. afirmou em reunião do Conselho Universitário que não haveria ampliação do número de leitos e que os níveis de atendimento do HU seriam mantidos como estavam. “O HU custa hoje R$ 383 milhões. Não é um valor pequeno”, justificou o reitor, eximindo-se de responsabilidade pelo equipamento, apesar da notória folga orçamentária da USP.
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