Docentes e funcionários técnico-administrativos do campus de Bauru da USP foram reunidos, em 4/12, para receber o reitor J. G. Rodas. “Sua retórica foi de cabo eleitoral”, definiu um observador, “sem sugerir abertamente uma chapa, mas tecendo argumentos no sentido de desencorajar as tratativas de três das quatro chapas” que concorrem à Reitoria em 20/12/2013

Primeiro, Rodas reuniu-se, a portas fechadas, com a Congregação da Faculdade de Odontologia (FOB), ocasião em que desfechou ataques contundentes aos reitoráveis Marco Antonio Zago e Hélio Nogueira da Cruz, que citou nominalmente.

Tanto no encontro com a Congregação como na reunião aberta, o reitor citou realizações positivas da ex-reitora Suely Vilela, candidata a vice-reitora na chapa de Wanderley Messias. Entre os elogios que lhe fez, Rodas destacou que o prêmio pago, anualmente, a docentes e funcionários técnico-administrativos da USP é obra de Suely. Aproveitou e anunciou que, neste ano de 2013, o prêmio será de R$ 2 mil.

A visita foi precedida pelo envio de convites personalizados, nos quais o reitor agradece à Faculdade de Odontologia (FOB) “por ter apoiado decisivamente os quatro anos desta gestão” (sic), e fustiga indiretamente os reitoráveis que a vêm criticando, ao afirmar, em frase um tanto enigmática: “Sem isso [o apoio da FOB?] não teria sido possível [sic] as muitas e extraordinárias vitórias, somente alcançadas pela união e trabalho de expressiva maioria, cujo labor não faccioso, cumplicidade e lealdade perduraram até há alguns meses”.

As críticas implícitas no convite foram repetidas de viva voz por Rodas. Ele comentou que Zago completará 70 anos após pouco mais de dois anos do início do mandato da próxima gestão, e sugeriu, por esse motivo, cautela quanto ao voto na prévia eleitoral de 10/12. Aos membros da Congregação da FOB, chegou a exibir um parecer relacionado ao assunto.

O reitor manifestou ainda que integrantes de três das chapas fizeram parte da administração da USP, portanto, no seu entender, “não deveriam discursar em tom de crítica, haja vista que quando no poder nada fizeram para mudar o cenário”. Perante a Congregação, criticou duramente Hélio Nogueira, acusado de deixar para a “última hora” a decisão sobre a candidatura. Ao mesmo tempo, porém, Rodas ironizou o fato de o vice-reitor postular, a cada eleição, candidatura a reitor. Chegou a dizer que há pessoas a quem “falta vergonha na cara”.

As críticas à delicada situação financeira da USP, feitas pelas três chapas que não se declaram de continuidade, foram objeto de contestação de Rodas: “Antes de votar, verifiquem as verdades”, recomendou. José Roberto Cardoso foi outro alvo das críticas do reitor, pois “botaram na cabeça dele” que deveria ser candidato. Atribuiu a candidatura do diretor licenciado da Escola Politécnica à influência de “gurus”.

Também “sobrou” para as entidades representativas. Rodas afirmou que o “Sindicato” não queria o Plano de Carreira, pois seria algo que iria tirar das mãos do “Sindicato” o servidor. Citou nominalmente, de maneira aversiva, o Sintusp e a Adusp, como “dificultadores”. Enfático, disse não ter “medo” da Adusp, pois sempre encarou os enfrentamentos “sem receio”.

Por fim, encorajou o voto em uma chapa, que possui características especiais, sem nominá-la, mas sempre mencionando a ex-reitora.

Um membro da Congregação, que prefere não se identificar para não se tornar alvo de represálias (comuns na FOB), estranhou o que considerou aberta interferência do reitor no processo eleitoral. “A comunidade é que tem que decidir, e não ele. Ele não poderia interferir”.

Já o observador da reunião aberta questionou: uma vez que os candidatos têm de deixar os seus cargos para poder concorrer, é lícito que o reitor faça campanha ostensivamente, sem ter de afastar-se do cargo?

EXPRESSO ADUSP


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