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FFCLRP perde professor Marco de Castro Figueiredo, “Marquinho”, aos 75
Faleceu nesta segunda-feira (31/1), aos 75 anos, Marco Antonio de Castro Figueiredo, professor titular aposentado do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), a “Filô”. A direção da FFCLRP, onde trabalhou por 38 anos, emitiu nota de profundo pesar por sua morte. Marquinho, como era conhecido, estava hospitalizado e havia recebido alta na véspera.
“Sua marca era a generosidade com que acolhia alunos, colegas de Departamento, profissionais das diferentes áreas em que atuou, pacientes, enfim todas as pessoas que passaram por sua vida!”, diz mensagem que o Departamento de Psicologia encaminhou à sua família.
“Seu olhar para a vulnerabilidade do ser humano sempre esteve inundado por sede de justiça e igualdade; uma luta por respeito, ética, verdade e inteireza de caráter”, prossegue o texto, destacando ainda a integridade da sua conduta. “Um ser humano ímpar que poucas vezes temos o privilégio de encontrar no caminho de nossas vidas. Nós, amigos, colegas e ex-alunos do Departamento de Psicologia da FFCLRP, agradecemos!”.
Graduado em Psicologia pela própria FFCLRP (1973), Marquinho obteve o mestrado em Fundamentos da Educação na Universidade Federal de São Carlos (UFSC) em 1980 e doutorou-se em Psicologia Experimental no Instituto de Psicologia (IP-USP) em 1986. Ingressou como docente no então Departamento de Psicologia e Educação da Filô em 1976. Tornou-se livre-docente em 1994, e em agosto de 2006 professor titular.
Coordenava, desde 1998, o Grupo de Pesquisa sobre Aspectos Psicossociais do Trabalho em Saúde, Indústria e Educação. Foi colaborador ad hoc da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e, de 2006 a 2014, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Coordenou, por onze anos, atividades de extensão relacionadas ao Programa de Atendimento Psicossocial à AIDS no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP). Desde 1993 atuava no Programa de Pós Graduação em Psicologia de Filô.
“A morte do professor nos deixou muito tristes. Marquinho foi mais um que foi ‘fora do combinado’”, declarou ao Informativo Adusp a professora Vera Navarro, sua colega no Departamento de Psicologia. “Em tratamento de um problema de saúde, teve seu quadro agravado ao contrair a Covid-19, nesta nova onda da pandemia. Marquinho dava vida ao Departamento de Psicologia, era um profissional que trazia como marca o perfil requerido de um docente de universidade pública: dedicação à pesquisa, ao ensino e à extensão universitária, tudo feito com muita paixão. Vida e trabalho se fundiam”.
Na avaliação da docente, o trabalho de Marquinho era reconhecido não apenas no meio acadêmico, mas também na sociedade, pois ao longo de sua trajetória ele se envolveu com vários projetos sociais. “Sua proximidade com a comunidade era grande, principalmente nos Núcleos de Estratégia de Saúde da Família, onde atuava e levava junto seus alunos. Certamente seu maior legado foi sua conduta ética, uma ética não liberal, expressa também em suas pesquisas e ações ligadas a uma psicologia social do trabalho. Perspectiva na qual o trabalho é compreendido em sua materialidade, em sua historicidade, que leva em conta o contexto real em que este trabalho é realizado”.
De acordo com Vera, Marquinho transmitia aos seus alunos uma visão crítica da sociedade capitalista, apresentando a eles a proximidade entre marxismo e psicologia. “Certamente uma grande perda, neste momento tão penoso por que passamos. Expresso minha revolta com esta política genocida que segue firme por mais de dois anos no país. Não dá mais para aceitarmos tantas perdas”.
O professor deixa a esposa, Sílvia, e cinco filhos: Márcio, Sérgio e Claúdio, do primeiro matrimônio; Henrique e Eduardo.
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