Mario González, a luta continua!
Desde 1968 na USP
 
Mario Miguel González iniciou sua atividade docente na USP, como auxiliar de ensino, em 1968. Era professor de literatura espanhola no Departamento de Letras Modernas da FFLCH. Aposentou-se compulsoriamente como professor titular em 2007, mas continuava atuando na pós-graduação.
 

No dia 13 de fevereiro faleceu nosso colega Mario González. Perdemos um grande companheiro, predicado que exige, nestes tempos de acirrado individualismo, recordar sua atuação no cotidiano da vida universitária para que não seja entendido como mero chavão. Em primeiro lugar, era companheiro dos alunos que iniciavam com ele, nas salas de aula de literatura espanhola, uma convivência de diálogo, de respeito, de prazer na fruição da leitura e dos problemas que ela suscita. Partilhava seu saber, sua biblioteca e, sobretudo, suas e nossas inquietações. Nossas dúvidas passavam a ser suas. Talvez por isso, levava-nos a descobrir a potencialidade intelectual da universidade.

Outra dimensão de seu companheirismo era decorrente de sua inserção na Universidade de São Paulo. Consciente de ser esta uma instituição pública cuja qualidade deveria vincular-se a uma gestão transparente e democrática, sua dedicação à vida institucional era irrestrita. Fez toda a carreira docente, assumindo representações ou cargos para os quais foi eleito. Empenhou-se sempre em viabilizar condições para fortalecer a excelência acadêmica e a fluência das nossas atividades, realizando tarefas muito diversas, como: o trabalhoso processo de criar a pós-graduação da área de Espanhol, a defesa de plenárias para gerir o departamento, os muitos ofícios para garantir a saída de emergência do prédio de Letras, ou, já depois da compulsória, a proposta apresentada pela FFLCH de mudança de relação da USP com seus aposentados que levou à recente regulamentação do Professor Senior. Tudo fazia sem disputar protagonismos.

Talvez, fora da FFLCH, Mario tenha se tornado muito conhecido por sua militância na Adusp, desde sua fundação, pois também entendia que a defesa da universidade pública deveria ser feita sobretudo por organizações e coletivos autônomos. Na primeira greve dos professores da USP, ele coordenou o grupo que criou e geriu o fundo de greve. Nas assembléias de maio de 1979, ganhou o nome de Mario Bangreve. E para além dos nossos muros, ele propôs, implementou, dirigiu e ajudou a manter outras entidades que permitiram a criação de outros laços de companheirismo: a Apeesp (Associação dos Professores de Espanhol do Estado de São Paulo), que agora completa 30 anos, e a ABH (Associação Brasileira de Hispanistas). Seu legado é muito maior que suas obras publicadas e será transmitido por seus muitos alunos que atuam na docência em diferentes cantos do Brasil e de outros países. E como escreveu uma colega da FFLCH, apesar da dor da perda de um companheiro, Mario diria: a luta continua.

 

Informativo nº 358

EXPRESSO ADUSP


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