Volta da USP terá número menor de participantes

Tradicional corrida de rua, criada na década de 1960, desta vez é promovida exclusivamente pelo Cepeusp, sem a participação de empresas na organização, como ocorria nos últimos anos, quando chegou a ter quase 4 mil participantes. Neste ano, são mil vagas. Atletas podem inscrever-se até 20/9. Prefeitura do Câmpus já abriu inscrições para seleção de eventos esportivos de 2020 e limitou os horários para treinos de ciclismo

Daniel Garcia
Ciclistas esportivos só podem treinar entre 4h30 e 6h30

A 56a edição da tradicional Volta da USP, marcada para o próximo dia 19/10, terá um formato diferente neste ano: o número de vagas será limitado a mil, com participação exclusiva para a comunidade USP: alunos de graduação e pós-graduação, funcionários e professores da universidade, além de alunos com carteira do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). As inscrições foram abertas em 2/9 pelo site do Cepeusp e se encerram em 20/9. A taxa de inscrição é de R$ 35,00.

É uma situação bastante distinta daquela dos últimos anos, quando a prova chegou a ter cerca de 4 mil participantes. No ano passado, por exemplo, a Volta da USP teve mais de 3,6 mil inscritos. A mudança se deu porque o Cepeusp decidiu não contar com os “parceiros externos, com mais experiência na produção de corridas de rua”, como vinha fazendo nos últimos anos, assumindo toda a organização, explica o professor Carlos Bezerra de Albuquerque, assistente de direção do centro.

“Neste ano, optamos por não contar com os referidos parceiros e, para tentarmos manter a mesma qualidade, reduzimos o número de vagas e consequentemente os custos de produção”, diz Bezerra, ressaltando que, mesmo com a presença de outras empresas, a coordenação da prova sempre coube à unidade.

De acordo com o professor, a história da Volta da USP tem dois momentos distintos. No início, nos primeiros anos da década de 1960, “era uma coisa muito romântica, simples, com cerca de 500 participantes”, descreve. Por ser realizada à noite, ficou conhecida como a “São Silvestre universitária”, em referência à tradicional corrida do dia 31/12 que por muitos anos manteve sua largada à meia-noite.

Ao longo do tempo, a prova da USP acompanhou a expansão das corridas de rua de São Paulo. Nos últimos quinze anos, diz o professor, “a corrida cresceu demais em termos de qualidade técnica”, o que justificava a contratação de uma empresa para fornecer a infraestrutura, que envolve gradeamento do percurso, palcos, guarda-volumes e distribuição do chip e dos kits para os participantes, entre outros itens.

“A Volta deu um salto de qualidade e em número de participantes. Hoje a programação de corridas em São Paulo é muito grande”, adiciona o professor José Carlos Farah, diretor técnico do Cepeusp. “A gente está acostumado a fazer evento para cem pessoas, como uma clínica, um congresso, uma regata na raia, e não uma corrida com 4 mil pessoas.”

Valor da taxa de inscrição tem grandes variações

No ano passado, a Volta da USP foi organizada pela Iguana Sports, uma das maiores empresas do mercado de corridas do país. Foram 3.612 inscritos, sendo 2.833 de público geral e 779 da comunidade USP (21,5% do total). Participante da prova há vários anos, o professor Nelson Achcar, docente aposentado da Escola Politécnica, procurou o próprio Cepeusp para questionar o valor da inscrição para a comunidade uspiana. Em anos anteriores, a taxa era de R$ 20,00, mas em 2018 subiu a R$ 60,00, dando direito ao chamado “kit essencial” (camiseta e medalha).

Para o público geral, a inscrição em 2018 variava de R$ 109,90 (kit essencial) a R$ 144,90 (“kit premium”, com camiseta, medalha, boné, “coqueteleira” e uma pequena bolsa para os equipamentos). Idosos pagavam R$ 60,00. Com as 203 cortesias distribuídas pela empresa, o ticket médio ficou em R$ 82,43, de acordo com Paulo Carelli, sócio-diretor da Iguana. O total arrecadado com as inscrições alcançou R$ 212 mil. Desse montante foram descontados os repasses para o Cepeusp e as taxas da Prefeitura do Câmpus da Capital (PUSP-C), responsável pelos eventos esportivos na Cidade Universitária.

A diferença no valor da taxa se explica, conforme o professor Bezerra, pelo fato de que, em edições anteriores, o Cepeusp havia conseguido aprovar projeto pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte, recebendo apoio financeiro do Ministério do Esporte para a Volta da USP. “É uma coisa muito difícil de conseguir e representa o primeiro passo. Depois é necessário prospectar patrocinadores etc. Quando a corrida é ‘incentivada’, como foi em 2016, há um valor máximo para as inscrições, que é de R$ 20,00”, diz. Sem a Lei de Incentivo e sem a parceria de empresas, a taxa de R$ 35,00 cobrada neste ano vai ser utilizada para cobrir custos de infraestrutura da prova. Caso sejam preenchidas todas as vagas, portanto, o Cepeusp deverá arrecadar R$ 35 mil.

O professor Achcar também questiona a contratação de empresas para a organização da corrida. Na sua sua avaliação, essa seria uma grande oportunidade de aprendizado para os alunos da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE). O diretor técnico José Carlos Farah diz que os alunos são integrados quando realizam estágios de administração esportiva. De acordo com Farah, passam por estágios no Cepeusp cerca de 120 alunos por ano, da EEFE e também de cursos das áreas de saúde, como Medicina e Fisioterapia.

Prefeitura quer “aprimoramento das ações sustentáveis”

A seleção para os eventos esportivos na USP é feita no segundo semestre do ano anterior, quando a PUSP-C abre o calendário para a apresentação de propostas de entidades sem vínculo com a universidade. As inscrições para 2020 estão abertas no site da Prefeitura até o próximo dia 27/9.

O regulamento para os eventos de 2020, a exemplo do publicado para este ano, estabelece que, para “diminuição dos impactos gerados no câmpus”, deve haver “aprimoramentos das ações sustentáveis”, com atenção “à geração e coleta de resíduos, minimização de ruídos e de emissão de gases de efeito estufa”, além de “acolhimento de ações acadêmicas, ou seja, projetos de ensino, pesquisa e extensão da USP”, e reserva de 1% das inscrições de todos os eventos para a comunidade USP, “sem custo à universidade e aos interessados”.

As taxas cobradas pela PUSP-C são de R$ 500,00 pela entrega do projeto e, para os eventos aprovados, R$ 5,00 por participante e R$ 2.600,00 por hora para o tempo de operação de montagem à desmontagem da estrutura. Também podem ser cobradas outras taxas referentes ao uso de espaços das unidades. Serão realizados, no máximo, 20 eventos. Em 2019, foram selecionadas 15 corridas, promovidas por sete diferentes empresas. A Iguana, que organizou a Volta da USP de 2018, realizou duas corridas neste ano. Ainda estão programadas seis corridas até o final de 2019 – a próxima será no dia 22/9 e a última em 15/12.

No caso das edições anteriores da Volta da USP e de outras provas que utilizem o espaço do Cepeusp, o retorno financeiro que cabe à unidade “cai na nossa chamada renda industrial, que é um valor que a gente utiliza principalmente para manutenção”, diz o professor Bezerra.

“Nossos funcionários acompanham o cumprimento das diretrizes para os eventos. Se as empresas não cumprem as normas, recebem multa”, observa o professor Emílio Antonio Miranda, diretor do Cepeusp. São os funcionários da USP que autorizam, por exemplo, as instalações elétricas e a fixação de estruturas de barracas ou palcos nos campos. “As empresas são bastante profissionalizadas e fazem a montagem e a desmontagem praticamente sem causar problemas”, completa.

Portaria restringe horário para treinos de “ciclistas esportivos”

A relação dos chamados “ciclistas esportivos” com pedestres, motoristas e aqueles que utilizam a bicicleta como meio de locomoção tem sido conflituosa e provocado acidentes nos últimos anos na Cidade Universitária. Na tentativa de disciplinar a prática do ciclismo esportivo e diminuir essas ocorrências, a PUSP-C tem emitido diferentes normas e regulamentos.

A mais recente determinação foi publicada no último dia 28/5, numa portaria que recebeu o título de Manual de Prática do Ciclismo Esportivo, que restringiu os treinos na Cidade Universitária para apenas três dias por semana: terças, quintas e sábados, das 4h30 às 6h30. Em 24/7, nova portaria alterou a anterior e estendeu a permissão para treinos de segunda a sábado, no mesmo horário, mantendo a proibição para feriados e emendas de feriados. Os ciclistas também não podem treinar em grupos com mais de quatro componentes e nem utilizar a Rua do Matão.

Os primeiros artigos da portaria repetem o que já havia sido estabelecido pela Resolução no 7.458, de 2017, como a necessidade de cadastramento no site da PUSP-C para obtenção de uma autorização, o CEC (Ciclistas Esportivos Cadastrados) – identificação que deve estar afixada na bicicleta e no capacete. O CEC deve ser renovado anualmente.

O limite de velocidade para os ciclistas esportivos é de 40 km/h, o mesmo estabelecido para todos os veículos na Cidade Universitária desde 2017. Novas placas com sinalizações e orientações dirigidas especialmente aos ciclistas foram espalhadas pelo câmpus.

“É importante ressaltar que a utilização de bicicletas como meio de transporte tem se tornado uma opção cada vez mais importante, e estamos estudando a ampliação das ciclovias no câmpus”, disse em entrevista ao Jornal da USP Hermes Fajersztajn, que responde pelo expediente da PUSP-C. De acordo com seu Currículo Lattes, Fajersztajn foi professor da Escola Politécnica até 2012 e atualmente é “diretor da Habipar Construtora e Incorporadora Ltda e professor da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia”.

EXPRESSO ADUSP


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