Universidade
Segundo turno da eleição de representantes docentes no Conselho Universitário ocorre em 2/9; chapas defendem a extinção da CERT
No próximo dia 2 de setembro será realizado o segundo turno das eleições para a representação docente das categorias de professor(a) doutor(a) e professor(a) associado(a) no Conselho Universitário (Co).
Na votação em primeiro turno, realizada nesta segunda-feira (19 de agosto), a categoria de professor(a) titular elegeu seus representantes. Havia somente uma chapa inscrita, composta por Marcílio Alves (Escola Politécnica) como titular e Amâncio Jorge Silva Nunes de Oliveira (do Instituto de Relações Internacionais) como suplente, que recebeu 678 votos.
Na categoria de professor(a) doutor(a), embora a única chapa inscrita, composta por Chennyfer Dobbins Abi Rached (Escola de Enfermagem) e Iara Pereira Ribeiro (Faculdade de Direito de Ribeirão Preto), tenha recebido o número expressivo de 922 votos, o segundo turno será necessário porque as candidatas não alcançaram “a maioria absoluta de votos”, conforme prevê a Portaria GR 8.543/2024.
Nessa categoria, estão aptos(as) a votar 2.105 docentes, e a maioria absoluta necessária seria, portanto, de 1.053.
A única categoria que teve mais de uma chapa candidata foi a de professor(a) associado(a).
Concorrerão no segundo turno as chapas compostas por Rodrigo Bissacot Proença (Instituto de Matemática e Estatística) e Filomena Elaine Paiva Assolini (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto), que obteve 671 votos no primeiro turno; e por Gilson Schwartz (Escola de Comunicações e Artes) e Hermano Tavares (Faculdade de Medicina), que recebeu 233 votos.
A chapa composta pelas professoras Nágila Raquel Teixeira Damasceno e Elizabeth Aparecida Ferraz da Silva Torres, ambas da Faculdade de Saúde Pública, obteve 137 votos (veja aqui os resultados completos divulgados pela Secretaria Geral da USP).
Debate abordou aposentadoria e avaliação
No dia 14 de agosto, as três chapas realizaram um debate em formato remoto, com mediação do professor Amâncio Nunes de Oliveira. O debate abordou temas como progressão na carreira, aposentadoria e regimes de trabalho na universidade.
Apresentamos a seguir alguns pontos destacados pelos candidatos a representante titular da categoria dos associados que disputarão o segundo turno.
Rodrigo Bissacot ressaltou que está circulando nos departamentos, por iniciativa de um grupo de docentes, uma proposta de que 10% das reservas financeiras da USP sejam utilizadas em gratificações e outras ferramentas que aumentem o vencimento líquido dos(as) docentes, de forma a compensar o desconto previdenciário.
A universidade “tem que investir em infraestrutura, mas certamente 90% de uma reserva de R$ 7 bilhões vai dar para muita infraestrutura”, disse Bissacot. A USP fechou o ano de 2023 com saldo de R$ 6,68 bilhões.
Gilson Schwartz, por seu turno, enfatizou que a responsabilidade dos(as) docentes associados(as), por sua experiência e maturidade, “nos legitima para atuar não apenas dentro do Co, mas como representantes da universidade buscando um diálogo fora da universidade”.
Nessa perspectiva, o professor defendeu que é necessário debater a questão da aposentadoria no contexto mais amplo das reformas da Previdência já ocorridas e de novos projetos dos governos estadual e federal que podem trazer mais impactos negativos para as carreiras públicas.
Em relação à Comissão Especial de Regimes de Trabalho (CERT), Bissacot lembrou haver participado, enquanto representante da categoria no Co, de um grupo de trabalho criado pela Reitoria que recomendou a extinção da comissão e a criação de um Comitê Assessor da Câmara de Atividades Docentes (CAD), com o mesmo número de integrantes da CERT (doze).
O Comitê Assessor ficaria subordinado à CAD, que tem parte de seus integrantes eleita pelos pares. “Na nossa interpretação, isso é uma vitória para os docentes porque, mesmo que uma comissão faça alguma coisa contra um docente, o recurso será julgado por outra que tem pessoas eleitas”, considera.
A Reitoria ainda não se manifestou sobre essa proposta, encaminhada em meados do ano passado, nem a apresentou ao Co até o momento. “Isso ainda não chegou ao Co justamente porque há resistências na universidade. A tradição é difícil de mudar”, avaliou.
Schwartz, por sua vez, qualificou a existência da CERT como expressão do produtivismo acadêmico e defendeu a sua extinção. “[O reitor] Carlotti, quando se candidatou, explicitou na sua agenda a extinção da CERT, e essa é também a posição histórica da Adusp”, lembrou.
A CERT tem que ser “liquidada”, afirmou, porque “gera tensões, angústia, e serve a propósitos que não têm transparência ou respondem a critérios de produtividade que muitas vezes ignoram as condições concretas de cada área do conhecimento”.
O professor afirmou ainda que uma questão importante a ser pautada é o que chamou de “saúde mental digital”. “Temos a aceleração da digitalização em todas as dimensões da vida, que nos atinge com muita intensidade, especialmente com a Inteligência Artificial”, disse Schwartz. “Há uma questão pedagógica estrutural sendo colocada pela digitalização que até agora não foi enfrentada.”
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