O Conselho Universitário (Co) deve votar na tarde desta terça-feira, 26 de julho, proposta da Reitoria, aparentemente apoiada pela direção do Instituto Oceanográfico (IO), de que a embarcação de pesquisa “Alpha Delphini” seja doada para a Marinha do Brasil, por supostamente não cumprir mais função (“baixa demanda”), mas na verdade porque a gestão Carlotti Jr.-Nascimento Arruda alega que é “caro” manter o barco. A eventual aprovação da proposta exige quórum qualificado, ou seja: voto favorável de dois terços dos integrantes do Co.

No domingo, 24 de agosto, o professor Marcílio Alves, representante dos(as) professores(as) titulares no Co, encaminhou mensagem sua na lista desse segmento do corpo docente, na qual destaca os dados disponíveis na documentação e resume as manifestações na lista, que ele assim descreve: “16 contra a doação; 46 para pedido de retirada de pauta para mais esclarecimentos; 2 sugerindo parceria com a MB; 3 em dúvida; 1 votar e verificar as alternativas”.

Assim, conclui Marcílio, “é evidente que a maioria deseja retirada de pauta e mais esclarecimentos, mas talvez estes estejam agora parcialmente elencados no texto acima” (referindo-se aos dados que organizou na mensagem). Professores(as) titulares são maioria no Co. No entanto, a maior parte daqueles(as) que integram o Co exerce cargos de direção e é politicamente ligada à Reitoria.

Porém, nesta terça pela manhã, Marcílio encaminhou nova mensagem na lista dos titulares, na qual passa a encampar a proposta de doação do Alpha Delphini. “Após meu texto de esclarecimentos, recebi muitas mensagens particulares e públicas, que indicavam o(a)s colegas estarem mais esclarecido(a)s sobre o tema. A partir daí interpreto que os pedidos de retirada de pauta para esclarecimentos perderam força”.

Acrescenta ter sido informado que, na reunião da Congregação do IO realizada na véspera, “o tema da doação não foi sequer discutido, indicando que a Congregação pacificou a decisão unânime tomada anteriormente”, que vem a ser “a que será apresentada hoje, ou seja, expressa que IO deseja doar o navio para a MB”, e conclui: “Entendo que seria ruim os titulares votarem contra uma decisão unânime de Congregação e então devo acompanhar o voto do representante do IO na Congregação, salvo fato novo apresentado na reunião do Co”.

Contraditoriamente, porém, Marcílio, que é pré-candidato a reitor, acena a quem se opõe à bizarra doação da embarcação de pesquisas: “Mas destacarei que a doação de navio atinge um símbolo uspiano, numa época em que os oceanos estão em plena evidência e que os estudos dos oceanos na USP devem ser fortalecidos”.

Sua frase de efeito faz referência, implicitamente, a um dos argumentos levantados pelo professor Michel Mahiques, ex-diretor do Co, contra a doação: “Estamos na metade da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, e o que faz a Administração Central? Manda doar a embarcação mais nova da Universidade de São Paulo!”.

No último dia 20 de agosto, o Informativo Adusp Online indagou à Reitoria como ela responde às seguintes críticas, entre outras, formuladas por Mahiques: 1) “O barco, construído com recursos financeiros da Fapesp e da USP, encontrava-se desenvolvendo plenamente atividades de ensino e pesquisa, quando a Reitoria decidiu, unilateralmente, doá-lo”; 2) “a votação no Co será meramente simbólica, porque o ‘Alpha Delphini’ já foi levado ao Rio de Janeiro e já foi descaracterizado”; 3) “as alegações da Reitoria de falta de recursos para manter a embarcação, bem como de ‘baixa utilização’, são improcedentes”. Até o momento não recebemos manifestação do Gabinete do Reitor.

EXPRESSO ADUSP


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