Universidade
“Existe uma parceria com o Batalhão de Engenharia e não há razão que desabone o pedido”, e Reitoria da USP “está de acordo”, diz prefeito do câmpus a respeito de cessão da EEL para treinamentos do Exército
Nesta quinta-feira, 14 de novembro, o prefeito do câmpus de Lorena da USP, Amilton Martins do Santos, encaminhou ao Informativo Adusp Online respostas aos questionamentos que lhe foram enviados a respeito da cessão de parte do terreno da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) para exercícios militares que serão conduzidos pelo Exército nos dias 18 de novembro a 5 de dezembro próximos.
Como revelou o Informativo Adusp Online, a EEL será um campo de provas do Exército durante ‘Operação Perseu’, o que inclui exercícios militares, pernoite de veículos e até a instalação de um posto de comando. No entanto, a comunidade universitária não foi consultada a respeito. E a própria comunidade da EEL só foi avisada pela Prefeitura do Campus de Lorena (PUSP-L) nesta terça, 12.
O prefeito, porém, alega que tanto a diretoria da unidade como a Reitoria foram consultadas previamente e estão “de acordo” com a decisão de ceder o uso do campus da EEL para os exercícios da “Operação Perseu”. Quanto à pergunta sobre por que motivo concordou com a solicitação do Comando Militar Sudeste (antigo II Exército), Amilton Martins dos Santos respondeu, sem entrar em detalhes: “Porque existe uma parceria com o Batalhão de Engenharia e porque não há razão que desabone o pedido”.
Em resposta à pergunta sobre de que unidade do Comando Militar do Sudeste partiu a solicitação de cessão do câmpus, o prefeito respondeu que ocorreram dois pedidos: “Partiram do Chefe do Estado-Maior da Artilharia Divisionária da 3ª Divisão do Exército e também do Comando do 2º Batalhão de Engenharia de Combate”.
A medida é criticada pela professora Michele Schultz, presidenta da Adusp. “Há várias iniciativas que visam a militarização dos nossos espaços educacionais. Recentemente, a Alesp aprovou a possibilidade de adesão ao ‘modelo’ de escolas cívico-militares, que nada mais é que um projeto de cerceamento da liberdade de pensamento e atitudinal. Um projeto que visa disciplinar as rotinas escolares sob a lógica de controle executado por militares sem qualquer formação da área educacional”, observa.
“A Prefeitura da Campus Capital – Área Leste da USP autorizou treinamento da Polícia Militar. A EEL, pela segunda vez em dois anos, abre os portões para o Exército. É inadmissível que instituições militares, que assassinam pessoas pobres, negras e periféricas, invadam espaços educacionais”, enfatiza a presidenta da Adusp.
Íntegra das perguntas e respostas sobre a “Operação Perseu” na EEL
1. De que unidade do Comando Militar do Sudeste partiu a solicitação de cessão do câmpus da EEL para fins da “Operação Perseu”?
R: Partiram do Chefe do Estado-Maior da Artilharia Divisionária da 3ª Divisão do Exército e também do Comando do 2º Batalhão de Engenharia de Combate.
2. Por que razão o sr., na condição de Prefeito do Câmpus, concordou com a solicitação?
R: Porque existe uma parceria com o Batalhão de Engenharia e porque não há razão que desabone o pedido.
3. A Diretoria da EEL foi consultada a respeito?
R: Sim e está de acordo.
4. A Reitoria da USP foi consultada a respeito?
R: Sim e está de acordo.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Sem dar detalhes, Carlotti Jr. anuncia início de estudos para nova etapa da progressão docente; na última reunião do ano, Co aprova orçamento de R$ 9,15 bilhões para 2025
- Fundação “IBGE+”, dita de apoio, abre caminho à “captura da produção de informações estatísticas e geocientíficas por interesses privados”, diz sindicato
- Fundação IBGE cria sua própria “fundação de apoio público-privada”, para captar recursos de outros entes estatais por serviços prestados. Sindicato vê riscos de privatização e perda de autonomia
- Tarcísio estuda adotar regime de capitalização na SPPrev, enquanto Câmara dos Deputados e Supremo debatem fim da contribuição de aposentados(as)
- Instituto de Psicologia confere diploma póstumo a Aurora Furtado, assassinada pela Ditadura Militar, em cerimônia tocante que também lembrou Iara Iavelberg