Universidade
“Inquérito de reputação” de rankings estrangeiros leva PRPG a pedir a programas de pós-graduação contatos de empregadores de egressos e egressas
“Visando aprimorar o diálogo que a Universidade de São Paulo mantém com as agências de rankings acadêmicos e parceiros internacionais, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG), em parceria com o Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico (EGIDA), vem solicitar sua contribuição na tarefa de atualização da lista de contatos de empregadores para a realização do inquérito de reputação junto a empregadores dos mestres e doutores egressos de nossa instituição”.
O texto acima foi enviado pela PRPG, na primeira quinzena de junho, a coordenadores(as) de programas de pós-graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e, muito provavelmente, de outras unidades. Na prática, trata-se de um pedido para que tais coordenadores(as) “corram atrás de egressos”, como definiu uma delas, que acredita que essa tarefa deve ser atribuída à equipe da própria PRPG.
“A pesquisa de reputação junto a empregadores é um indicador bastante relevante na avaliação das universidades participantes de rankings. Para tanto, as universidades podem sugerir contatos de empresas ou instituições contratantes que possam fornecer informações relativas ao desempenho e à qualidade dos alunos formados/titulados pela instituição”, prossegue a PRPG, candidamente.
“Desse modo, solicitamos sua colaboração na indicação de até 15 (quinze) contatos de empresas ou outras instituições relevantes na(s) área(s) de atuação de seu programa de pós-graduação, contratantes de nossos egressos e que possam fornecer referências para esta avaliação”.
Como, provavelmente, em tese seria necessário obter autorização de egressos e egressas para sejam fornecidos tais dados sobre contratantes, afinal de contas existe uma Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em vigor, parece evidente que atender ao pedido da PRPG criaria uma tarefa a mais para docentes que estiverem exercendo cargos de coordenação. Em razão disso, alguém estaria disposto a sugerir à pró-reitoria que monte um setor destinado a rastrear a trajetória profissional de egressos(as), desde que haja concordância deles(as).
Porém, o mais grave nesse pedido é a absoluta capitulação da USP frente às exigências e métricas definidas pelos tais rankings internacionais para consecução de processos de avaliação. Ou, pior ainda, a capitulação da universidade diante da naturalização dos rankings como método de avaliação indispensável e inquestionável.
A Reitoria já deu mostras de total valorização dos rankings como únicas autoridades capazes de legitimar sua “excelência acadêmica”. A PRPG segue a trilha, ao propor que coordenadores e coordenadoras de programas dispendam preciosos tempo e energia colocando-se numa espécie de “caça aos egressos”, apenas para facilitar a vida das “agências de ranking”. Tudo em nome de um sacrossanto “inquérito de reputação”.
Tudo isso é mediocridade a perder de vista, cabendo perguntar se a PRPG não teria como empregar melhor seus recursos humanos e financeiros, em vez de gastá-los para beneficiar agentes privados de mercado.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- GT da Câmara dos Deputados oficializa proposta de reforma administrativa reducionista, que institui “avaliação de desempenho” e no mínimo 20 níveis de progressão na carreira
- Bancada governista na Alesp pretende votar na próxima semana PLC 9/2025, que desfigura carreira de pesquisador científico; em audiência pública, APqC volta a defender rejeição da proposta
- Vereador propõe que reitor e autoridades do estado se comprometam a manter em atividade escolas e posto de saúde ameaçados pela expansão do Butantan; barulho dos equipamentos segue atormentando a população
- Depois de interceptação ilegal da “Global Sumud Flotilha” e uma semana de prisão em Israel, delegação do Brasil retorna ao país, incluídos Bruno Gilga e Magno de Carvalho
- Nesta quarta, 8 de outubro, União entrega certidões de óbito retificadas às famílias de mais de 100 militantes de esquerda assassinados(as) pela Ditadura Militar, sendo que 29 eram discentes ou docentes da USP