No último dia 16 de agosto, um sábado, um grupo de provocadores de extrema-direita intitulado “União Conservadora” cometeu uma nova invasão do espaço da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), realizando uma série de atos agressivos, tais como destruição de faixas e agressões verbais a estudantes, e interrompeu a realização da 1ª Olimpíada de Xadrez da FFLCH, organizada pelo Time de Xadrez da unidade.

“Como em outras ocasiões, rasgaram faixas penduradas por coletivos estudantis por serem ‘políticas’, exaltaram o ex-presidente atualmente em prisão domiciliar, insultaram estudantes procurando respostas violentas, e gravaram imagens sem autorização das pessoas”, relata nota emitida em 19 de agosto pela Direção da FFLCH, segundo a qual trata-se da quinta invasão desse tipo desde maio.

“Como nova prática, tentaram impedir a continuidade da Olimpíada, bloqueando o acesso às mesas de xadrez, para que fosse necessário o confronto para prosseguimento do torneio. Os estudantes presentes não caíram na provocação, e permaneceram no lugar com firmeza e sem entrar em confronto até que os agressores se retiraram”. A Direção da unidade informa haver entrado novamente em contato com a Procuradoria Geral da universidade (PG-USP), “para somar este incidente ao processo já montado junto a essa instância há mais de três meses, solicitando algum tipo de encaminhamento junto ao Judiciário”.

Além disso, reuniu-se com os organizadores da Olimpíada para organizar a apresentação de um Boletim de Ocorrência, “que será o terceiro nesta sequência de agressões”, e anunciou que convocará, em breve, “os diferentes setores da comunidade universitária com iniciativas para dar resposta pública e contundente a este novo nível de agressão contra pessoas, espaços e atividades acadêmicas”.

No dia 20 de agosto, o Time de Xadrez emitiu nota sobre o episódio, na qual traça uma rápida retrospectiva da Olímpiada, que “celebrou anos de dedicação necessários para a construção de um time hoje vitorioso e capaz de propiciar à comunidade a prática esportiva em campeonatos e treinos abertos”, e que se tornou “uma competição à altura de padrões profissionais e acessível a entusiastas que, frequentemente, se frustram com os preços altos de torneios amadores fora e dentro da USP”.

Entretanto, prossegue, “o evento foi violentamente interrompido por membros do grupo União Conservadora, que invadiram o Vão da História e Geografia para arrancar cartazes, hostilizar os participantes e gravar vídeos destinados a agitar grupos de redes sociais”, o que provocou tumulto e consequentemente a paralisação das atividades.

“Como em outras iniciativas semelhantes, os invasores recusaram-se a deixar o espaço, postando-se por entre as mesas com os tabuleiros e encenando agressões que, felizmente, puderam ser contidas. Imediatamente, acionamos a Guarda Universitária, mas o grupo só se retirou quando informamos que chamaríamos a Polícia”, explica o Time de Xadrez.

“Os impactos desses atos e do consequente sentimento de insegurança são severos. Mesmo que tenhamos retomado o torneio, alguns alunos decidiram se retirar e não puderam jogar as últimas rodadas programadas. Reconhecemos que a margem de ação da Universidade para tomar medidas em relação a um ambiente público é limitada. Entretanto, se a comunidade não encontrar maneiras plausíveis e eficazes de proteger o espaço universitário, permitiremos que grupos como o União Conservadora desmotivem as diversas práticas acadêmicas e extracurriculares que enriquecem a vivência estudantil na USP e, ainda mais grave, ameacem a integridade física de nossos alunos”, avalia.

“Como está claro nas gravações, inclusive naquelas publicadas pelos agressores na Internet, o objetivo dessas movimentações não é apenas arrancar cartazes, mas também incentivar a violência e agredir estudantes”, adverte o Time de Xadrez na nota. “Como se isso não bastasse, colocam em risco a privacidade de alunos e ex-alunos que, inevitavelmente, veem seus rostos em ‘cortes’ de redes sociais nas páginas desses agitadores”.

Diante desse e de outros episódios, conclui, é inadiável que a Reitoria e a PG-USP “avancem em medidas para dissuadir os agressores e salvaguardar a segurança de todos os setores da comunidade”. Indaga ainda: “Quantos e o quão graves deverão ser os incidentes causados por esses grupos para que sejam tomadas providências jurídicas?”. E convoca “alunos, professores, entidades e autoridades da USP para que possamos combater um tipo de iniciativa que, infelizmente, tem conseguido se apropriar indevidamente do ambiente universitário para coagir alunos e promover discursos de intolerância nas redes sociais”.

EXPRESSO ADUSP


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