Estudantes e MST juntam forças para restauração ambiental da bacia do rio Jaguari, na XI Jornada Universitária pela Reforma Agrária da Esalq
Grupo reunido após o plantio das árvores. (foto: Noã Martelleto)

No dia 13 de abril, a XI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP) realizou o segundo dia de atividades com a iniciativa de plantio de mudas de árvores nativas no Assentamento Milton Santos, localizado entre os municípios paulistas de Americana e Cosmópolis.

Trata-se de ação do projeto De Olho nos Rios, da Associação Mata Ciliar, e do plano nacional Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que, em resposta às mudanças climáticas e na defesa da soberania alimentar brasileira, propõem o plantio e cuidado de 100 milhõesde árvores nativas em dez anos. De acordo com o MST, o citado plano, iniciado em 2020, já permitiu realizar o plantio de aproximadamente 25 milhões de árvores, a construção de mais de 300 viveiros em assentamentos da reforma agráriae a recuperação de cerca de 15 mil hectares (150 km²) de terras degradadas.

De Olho nos Rios, por sua vez, apresenta a proposta de gestão comunitária dos recursos hídricos e promove por meio de assistência técnica e doação de mudas de árvores nativas a restauração ambiental das bacias hidrográficas dos rios Jaguari e Atibaia. Assim, o projeto visa beneficiar mais de 30 municípios nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, área de gigantesca importância econômica e produtiva para o país.

A XI JURA reuniu mais de 30 participantes para o mutirão de plantio de mudas. Pela manhã, os visitantes foram recebidos com um grande café da manhã preparado por agricultoras e agricultores do assentamento. Mandioca cozida, bolos, pães, geléias, frutas, café e sucos: todos produtos oriundos da reforma agrária. Em seguida, lideranças do MST e representantes da Associação Mata Ciliar realizaram uma apresentação enfatizando a importância de uma agricultura comprometida com a geração de ambientes produtivos e ecologicamente saudáveis. Trata-se de conciliar a defesa do meio ambiente com a produção de alimentos saudáveis. Este compromisso está no cerne do Programa de Reforma Agrária Popular do MST.

Além de militantes do MST e estudantes da Esalq, participaram também membros do Coletivo Pés Vermelhos, Rede de Agroecologia do Leste PaulistaGrupo Terra, entre outros coletivos engajados em projetos agroecológicos e democratizantes. Seguindo as orientações técnicas da Associação Mata Ciliar, foram plantadas, ao longo da atividade, cerca de 500 mudas de diferentes espécies nativas. A ação faz parte de um grande plano de restauração de áreas degradadas no Assentamento Milton Santos, que se consolidou como um contraponto ecológico ao modelo agrícola predominante na região.

Além desta restauração, outros trabalhos voltados para transição agroflorestal e proteção das águas no assentamento são desenvolvidos pela cooperativa local de agricultura familiar, denominada Cooperflora. Esta última promove notadamente a comercialização de produtos orgânicos oriundos do Assentamento Milton Santos.

Por meio dos grupos de extensão, coletivos, discentes e docentes da Universidade de São Paulo, a XI JURA expressa o apoio da comunidade acadêmica e universitária à proposta de reforma agrária popular e agroecológica concebida pelo MST. O caso do Assentamento Milton Santos é emblemático e constitui uma amostra do potencial criativo e transformador da reforma agrária e da agricultura familiar no enfrentamento de problemas atuais, promovendo benefícios ambientais e contribuindo para segurança climática e alimentar de toda sociedade.

Nota da Redação. Assim como a Adusp, o Andes-Sindicato Nacional apoia a realização das JURAs, conforme orientação relativa à XI edição nacional dessas jornadas. “As JURAs, animadas nas mais diversas instituições de ensino superior do país, vêm se mostrando no último período como importante espaço de interlocução entre a universidade e o movimento social. Elas abordam temas frequentemente relegados a um segundo plano nas atividades de ensino, pesquisa e extensão”, diz o documento do Andes-SN.

“Esses temas incluem a promoção da reforma agrária popular, o enfrentamento ao latifúndio, a produção agroecológica de alimentos, a negação da produção baseada em venenos e transgênicos, a soberania alimentar e a luta contra a fome. Além disso, as JURAs defendem a liberdade de combater todas as formas de achaque e criminalização. Esses temas são respaldados pelas agendas de luta e pelas resoluções históricas do Sindicato Nacional”.

EXPRESSO ADUSP


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