Saúde
No Sisusp, longa espera pra agendar exames
A maior queixa da comunidade universitária que utiliza os serviços médicos da USP é a dificuldade de acesso, já que, para conseguirem submeter-se a determinados exames e consultas, os pacientes precisam aguardar por alguns meses. Inversamente, o atendimento médico recebe elogios.
Docentes, funcionários e estudantes da USP (e seus dependentes) têm direito a assistência médica por intermédio do Sistema Integrado de Saúde da USP (Sisusp), que conta com cinco Unidades Básicas de Assistência à Saúde (Ubas) no interior e na capital; o Hospital de Anomalias Craniofaciais em Bauru; e o Hospital Universitário (HU) no campus Butantã.
A professora aposentada Maria Amélia M. Dantes (FFLCH), que sempre utilizou os serviços do HU, vem observando “uma deterioração crescente dos serviços e falta de prioridade ao atendimento da comunidade USP”. Problema principal: “Exames e consultas demoram meses para serem marcados ou se tornam mesmo impossíveis, caso da mamografia, cujos horários mensais se esgotam em algumas horas. Várias vezes já acionei a ouvidoria do HU, sem grandes resultados”.
O agendamento na capital é feito por telefone em datas específicas, conforme a especialidade médica ou o tipo de exame. Por exemplo, para marcar uma mamografia em junho era preciso ligar para a central de agendamento especificamente no dia 5, e em julho no dia 7; para consultar-se com um dermatologista é necessário telefonar no dia 15. Além de reclamarem das datas específicas e com duração de apenas um dia por mês para cada especialidade ou exame, os pacientes também se queixam de que é difícil conseguir ser atendido, pois o telefone está sempre ocupado, e das distantes datas disponíveis para serem atendidos.
“Agendamento ruim”
“Na Ubas o atendimento é bom. É o agendamento que é ruim. Estou tentando marcar um ultra-som há quatro meses, pedido por um médico da Ubas em 25/2. Mas o agendamento para esse exame é só no dia 10. Nesse dia, eu começo a ligar bem cedo (para o telefone do agendamento). Só dá ocupado. Às 15 horas atendem e dizem que não tem mais vaga e que o exame não é urgente”, relata Janilda Sudária Costa, funcionária da Veterinária.
Vanderley Costa, funcionário do CCE, conta que ele e a esposa, sua dependente, já precisaram fazer exames particulares por causa da demora nos serviços médicos da USP: “Eu precisei marcar consulta com urologista no começo deste ano, mas só tinha vaga em outubro. Eu desisti. Fui em um médico particular. Já minha esposa precisa fazer tratamento de hepatite. Se eu estivesse com ela aqui [no HU], ela não teria feito nem os exames de sangue ainda. Por isso, procuramos outro hospital. Então o serviço deixa a desejar, porque você é funcionário e o HU também é para os funcionários e você não consegue ser atendido”.
Maria de Lourdes Martins, funcionária da Reitoria, diz que sempre foi muito bem atendida pelos médicos da Ubas e do HU, mas que “o problema é o fato da demora”, a dificuldade no agendamento. “Eu não posso ficar muito tempo no telefone do trabalho para marcar a consulta, porque as pessoas precisam usar o telefone para trabalhar. Quando marcava consulta nos balcões era ótimo. Por telefone a gente não consegue falar”.
Absenteísmo?
No passado, o superintendente do HU chegou a afirmar que o absenteísmo (que na época ele informou chegar a 25%) prejudica o atendimento geral. Maria de Lourdes rebate: “A gente só consegue marcar a consulta para muito tempo depois — e quando chega o dia a gente até esquece”.
Alguns pacientes reclamam também que muitas vezes é a própria Ubas que desmarca a consulta ou exame, sem remarcação imediata. “Ano passado eu estava com pedra no rim e o urologista pediu uma urografia excretora. Marquei o exame para o mês seguinte. Quando estava próximo da data, me ligaram e disseram que a máquina estava quebrada e que me ligariam para remarcar o exame. Não ligaram”, protesta Vanderley Costa.
Relatos informais de funcionários do HU descrevem uma situação que combina quadro de pessoal insuficiente e crescimento da procura pelos serviços médicos. Para esclarecer estas e outras questões relativas ao funcionamento do HU, o Informativo Adusp solicitou ao superintendente Paulo Andrade Lotufo que concedesse uma entrevista, não agendada até o fechamento desta edição.
Matéria publicada no Informativo nº 262
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