Defesa da Universidade
Docentes de departamento do IME apontam redução do quadro e sobrecarga de trabalho
Uma carta enviada à comunidade acadêmica pelos docentes do Departamento de Matemática (MAT) do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME) denuncia a grave insuficiência de professores. Intitulada “Solicitação de claros docentes para o Departamento de Matemática do IME-USP”, o documento revela que o MAT, atualmente com 85 professores, tem cinco pedidos de aposentadoria em andamento e, com isso, deve iniciar o ano letivo de 2016 com apenas 80 docentes.
O dossiê apresenta um histórico do drástico processo de redução no quadro de docentes em atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão no departamento. Em 1990, o MAT contava com 110 docentes, sendo que a redução do número de professores “foi acompanhada de uma significativa expansão de cursos e de um considerável aumento do número de alunos de graduação e pós-graduação”.
Assim, houve expressivo aumento de estudantes por turma, disciplinas foram canceladas e houve desestímulo às atividades de extensão, como as do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de Matemática “João Affonso Pascarelli” (CAEM), que oferece cursos para professores de educação infantil e dos ensinos fundamental e médio.
O dossiê inclui minuciosa análise do departamento — que “evidencia a sobrecarga de trabalho em diversos quesitos da carreira docente como orientações, carga didática em sala de aula e atividades administrativas” e fundamenta as solicitações de “reposição emergencial” de docentes em RDIDP, correspondentes às aposentadorias e rescisões, à expansão de vagas na Escola Politécnica (unidade na qual o MAT também atua), à implementação do Mestrado Profissional, e ao estabelecimento de um plano para adequar o quadro docente do departamento à crescente demanda de cursos e programas de pós-graduação. Caso tais solicitações não sejam respondidas, segundo o documento, até 2017 o número de docentes deve cair para 65.
“Pressão enorme”
Para Ivan Struchiner, docente do MAT, a rotina está sendo “extremamente prejudicada” pela falta de docentes: “Estamos sobrecarregados. Alguns estão orientando mais de sete alunos de pós-graduação e iniciação científica, ministrando muitas aulas com salas abarrotadas de alunos”. Ele aponta que “uma pressão enorme” vem sendo exercida sobre os docentes para produzir artigos, “sob o risco de ver prorrogado o estágio probatório, ou mesmo revogado o contrato em RDIDP”. Vê seus colegas de trabalho “cansados e estressados, e sem condições de dar a devida atenção aos estudantes e a atividades de pesquisa e extensão”.
Artur Tomita, chefe do MAT, comenta que vários docentes se sentem “sobrecarregados para poder manter a qualidade de suas aulas, de pesquisa, administração e extensão”. Se isso não melhorar, diz, “provavelmente a qualidade dos serviços acabará piorando em virtude de estresse” e haverá o risco de “perdermos bons pesquisadores para outras instituições”.
O professor Daciberg Gonçalves lamentou a eventual destruição de “um trabalho de qualidade em todas as áreas de atuação dos objetivos-fim deste departamento”. Há, de fato, falta de docentes no MAT, reconhece o professor Clodoaldo Ragazzo, diretor do IME. “Mas, na minha opinião, muito mais preocupante do que isso é o número de prováveis aposentadorias a curto prazo, que podem reduzir consideravelmente o corpo docente”.
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