Brasil
Grito dos Excluídos e das Excluídas — lições de experiência organizativa

No dia 7 de setembro, data de comemoração da Independência do Brasil em 1822, ocorrem em todo o país atos públicos organizados pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e por movimentos populares e sociais que lutam por terra, moradia, trabalho digno, reforma agrária e urbana, além de se posicionar contra a violência policial, a fome, racismo, machismo e lgbtfobia. Trata-se do Grito dos Excluídos, ou como preferimos chamar: “Grito dos Excluídos e das Excluídas”, manifestação de protesto de todas as trabalhadoras e trabalhadores marginalizados pela sociabilidade capitalista no Brasil, e que sofrem com a precarização generalizada das condições de vida.
A data foi escolhida para questionar a independência do Brasil: afinal, esta transformação política, transcorridos dois séculos, manteve na situação de excluídos e excluídas milhões de brasileiros e brasileiras, que lutam para sobreviver em uma sociedade que continua a reproduzir múltiplas formas de opressão e exploração.
Em 2023, será realizado o 29º Grito dos Excluídos e das Excluídas, com o lema “Você tem fome e sede de quê?”. Este mote impulsiona tal mobilização, que, desde a primeira edição, em 1995, assume como bandeira a “Vida em Primeiro Lugar”.
O GT de Políticas Agrárias e Socioambientais da Adusp, em parceria com docentes do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), convidou Wilson Aparecido Lopes, dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e ativista do Acampamento Marielle Vive (Valinhos-SP) para falar a respeito da luta dos excluídos e excluídas da terra e das mobilizações do Grito.
O Acampamento Marielle Vive reúne mais de 400 famílias que ocuparam terras improdutivas na região metropolitana de Campinas em abril de 2018, reivindicando reforma agrária e o direito de acesso à terra e à moradia para trabalhadore(a)s excluído(a)s do campo e da cidade. Após cinco anos, o Acampamento ainda sofre ameaças de despejo, mesmo com a importante transformação socioespacial que promoveu no território. A terra antes improdutiva é hoje espaço de produção agroecológica em quintais e em áreas coletivas, possui cozinha comunitária que serve refeições diariamente, mantém creche e educação para jovens e adultos, todas estas iniciativas realizadas a partir da organização popular dos acampados.
O debate na Esalq ocorrerá no dia 14 de setembro, quinta-feira, às 14h, no anfiteatro do Pavilhão de Ciências Humanas. A atividade é gratuita e sem necessidade de inscrição prévia.
A lista completa de atividades do Grito em capitais e diversas outras cidades brasileiras pode ser encontrada aqui. No Estado de São Paulo, serão realizadas manifestações na capital e em outras 14 cidades, entre as quais Piracicaba, Campinas, Guarulhos, São Bernardo do Campo, São José dos Campos e Santos.
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