CPA / Nova CPA
Reitor e presidente da CERT reúnem-se com docentes e apresentam proposta de avaliação e “nova” CPA
Meta é “promover as mudanças que a USP precisa para progredir nos rankings e se tornar universidade de primeira classe”, admite Nunes
No dia 21/3, no Auditório do Centro de Difusão Internacional, no campus Butantã, a Reitoria reuniu-se com os docentes que ingressaram no corpo docente a partir de 2013. A finalidade oficial da reunião: explicar o novo formato da Comissão Permanente de Avaliação (CPA) e as linhas gerais de uma proposta de avaliação institucional e individual que será submetida ao Conselho Universitário (Co).
O encontro teve início com exposição do reitor M.A. Zago. Ele apresentou a USP como “um local de interação entre as pessoas, onde os mais variados debates devem ser colocados e onde os conflitos devem ser expostos de forma democrática, plural e civilizada”. Apontou a Reitoria como um possível canal de diálogo com a comunidade universitária: “Qualquer um que queira conversar ou se queixar, tais ideias chegarão a nós”.
O reitor disse que a legislação relativa à avaliação do corpo docente foi “se construindo ao longo do tempo”, resultando em um conjunto de regras que foram “coladas uma do lado da outra, mostrando algo não planejado”, o que teria levado a atual gestão a propor uma reforma: “Nós entendemos que chegou o momento de repensarmos todo o sistema de avaliação, tanto das unidades e departamentos, como cuidar da vida de cada docente da universidade. E nada melhor do que fazermos isso juntos”.
Após intervenção dos pró-reitores, Luís Nunes de Oliveira, presidente da Comissão Especial de Regimes de Trabalho (CERT), apresentou proposta da superintendente jurídica da USP, professora Maria Paula Dallari Bucci, intitulada “Nova CPA – Base Jurídica”. A proposta envolve a extinção formal da CERT.
Rankings
A proposta divide a CPA em Câmara de Atividades Docentes, responsável pela avaliação individual dos professores, e Câmara de Avaliação Institucional e de Gestão, que avaliará departamentos e unidades. Nunes afirmou que haverá troca de informação entre elas, “para garantir que o processo individual de avaliação seja casado com o coletivo”.
Ele deixou claro o real objetivo da avaliação, na visão da Reitoria: “Promover as mudanças que a USP precisa para progredir nos rankings e se tornar uma universidade de primeira classe no universo das universidades internacionais”.
Nunes antecipou que unidades bem avaliadas “podem ganhar apoio para desenvolver certas iniciativas”, enquanto as que não obtiverem avaliação positiva passarão por um período “para corrigir problemas, com o objetivo de alcançar as metas desejadas”. Porém, advertiu, “em casos piores, haverá algum tipo de sanção; mas isso é uma questão que está em discussão”.
O mesmo poderá ocorrer com os docentes: os bem avaliados, disse o presidente da CERT, terão acesso a “certas regalias”, como ganho de “mais autonomia e apoio para os seus projetos”, ao passo que os docentes mal avaliados entrarão num processo de acompanhamento “estrito”, podendo vir a “sofrer sanções”, sem especificar quais e sua natureza (leia mais a respeito).
Transparência?
“A apresentação careceu de detalhamento, tanto nos slides apresentados quanto na palestra do professor Nunes”, comentou o professor Cristian Ortiz, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), a pedido do Informativo Adusp. “Por exemplo, a proposta sugere que no novo método de avaliação serão usados indicadores ‘simples, poucos e de alcance geral’. Não me parece que essa descrição dos indicadores seja precisa. Se a avaliação atualmente feita pela CERT irá mudar, justo parece transparentar exatamente como será esta mudança. Também não foi informada a necessidade de tal mudança”.
Outro aspecto que chamou a atenção do docente é a constituição das câmaras que fazem parte da nova CPA. “A CERT é formada por 13 membros e não dá conta das avaliações individuais dos docentes em estágio probatório. Como esperar que a Câmara de Atividades Docentes com nove membros possa realizar esta avaliação de forma justa e eficaz, no que diz respeito ao volume de trabalho e competência para avaliar docentes cujas pesquisas cobrem um espectro tão amplo do conhecimento? A mesma pergunta se estende à Câmara de Avaliação Institucional e de Gestão”.
Em relação à afirmação de Nunes de que a USP está prestes a viver uma mudança cultural, o professor do IME pondera: “Se estamos diante de uma mudança cultural, que está sendo construída por todos nós, por que esta proposta tem sido tão pouco discutida? De acordo com a resposta dos dirigentes da USP, espera-se que esta proposta seja aprovada no segundo semestre de 2016. Não parece um prazo precipitado, principalmente por tratar-se de uma mudança cultural, de um novo momento na USP?”
Informativo nº 415
Leia aqui as minutas da Reitoria com as propostas de alteração da carreira e avaliação.
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