Campanha Salarial 2014
Reitor da Unicamp reconhece legitimidade da greve e responsabiliza USP pelo impasse
Tadeu Jorge se reuniu com grevistas e disse que Unicamp é contra reajuste zero oferecido pelo Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo)
A crise orçamentária da USP (Universidade de São Paulo), provocada por equívocos de gestão cometidos pela reitoria da universidade nos últimos quatro anos, é a responsável pelo atual impasse nas negociações da campanha salarial que culminou com a greve dos professores e funcionários das três universidades estaduais paulistas. Esta avaliação foi defendida pelo reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), professor José Tadeu Jorge, nesta sexta-feira, 27, durante encontro com os grevistas no auditório da ADunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp).
|
|
Tadeu Jorge afirmou ainda que considera a greve legítima, mas que não vê perspectivas de retomada das negociações diante da intransigência do reitor da USP, professor Marco Antonio Zago, que insiste em 0% de reajuste salarial.
De acordo com o reitor, o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) está dividido diante da greve, que já se prolonga por um mês, e da proposta de reajuste de 0%.
Ele relatou que, desde o início das conversações da campanha salarial, a Unicamp defendeu um reajuste de 5,2%, mas a proposta foi duramente combatida pelo reitor da USP. Por outro lado, enfatizou também a importância estratégica de que as decisões do Cruesp sejam consensuais. E atribuiu exatamente à falta de consenso o impasse atual.
Sem saída
O encontro desta sexta-feira, realizado a partir de um convite da ADunicamp, se prolongou por duas horas e meia e reuniu mais de 230 professores e funcionários em greve.
"Desde o início das conversações (no Cruesp), eu defendi o argumento de que o índice zero seria decretar a greve. A nossa reitoria reconhece a greve e o direito das entidades. Tenho trabalhado para reestabelecer a negociação, mas nas últimas semanas estou muito pessimista com a possibilidade da USP mudar de ideia", afirmou o reitor.
Tadeu Jorge afirmou que os "subsídios e prêmios que a reitoria da USP concedeu a professores e funcionários nos últimos anos" criaram problemas na gestão orçamentária da universidade.
Crise Cruesp
Tadeu Jorge foi fortemente questionado pelos professores sobre o que alguns deles chamaram de "crise no Cruesp", que hoje não passaria de um "órgão homologatório" das decisões da reitoria da USP.
"Se o nome é crise, não sei. Mas há uma divergência muito forte no Cruesp. E como se chegou a isso? A gestão anterior da USP tomou uma série de iniciativas extremamente desagregadoras, que quebraram a isonomia (entre as universidades)", afirmou o reitor.
De acordo com Tadeu Jorge, a reitoria da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) também se posicionou contra o reajuste zero no Cruesp, mas defendeu uma posição intermediária entre a da USP e a da Unicamp.
"Faz de conta"
Tadeu Jorge questionou ainda a redução de verbas do governo do Estado para as universidades públicas e afirmou que o governador Geraldo Alckmin "faz de conta que não é com ele" a atual crise e a greve em curso, ao afirmar que "as universidades são autônomas".
De acordo com o reitor, houve um forte crescimento das universidades, com a abertura de novas unidades e campus, sem que houvesse nenhum aumento dos recursos públicos destinados a elas.
Matéria extraída do Boletim da Adunicamp
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- “Filô” afasta professor por 180 dias, após apuração preliminar, e PAD contra ele investiga acusações de assédio sexual
- “Código de Conduta” da Secretaria de Agricultura e Abastecimento atropela Constituição e impõe censura e “mordaça” ao funcionalismo da pasta estadual
- Trabalhadora terceirizada do IAG morre durante a jornada laboral, mas direção da unidade não suspende atividades; “chocante”, diz Sintusp
- Fiesp ensaia retomar ofensiva em favor da PEC 32
- Secretaria de Agricultura e Abastecimento do governo Tarcísio revoga “Código de Conduta e Integridade”, que exigia de servidores(as) neutralidade política e ideológica e autocensura