Em frente à Reitoria da USP, categorias exigem retomada de negociações sobre salários e retorno seguro
Encastelada no seu bunker, a Reitoria destrata os docentes

A semana na USP começou agitada, de certa forma dando continuidade à grande manifestação pelo impeachment de Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido) realizada na Avenida Paulista no sábado (2/10) e que contou com a participação de servidora(e)s universitária(o)s. Os motivos podem ser diversos, mas todos muito importantes.

Fotos: Daniel Garcia

Faixas tomaram a Rua da Reitoria, na Cidade Universitária
Pronunciamento de Celso de Oliveira, 2º vice-presidente da Adusp
Dirigentes sindicais diante da portaria: “Reitoria está acéfala”

Na manhã desta segunda-feira (4/10), diante da Reitoria da USP, na Cidade Universitária do Butantã, o Fórum das Seis promoveu um protesto pela imediata reabertura de negociações sobre salários da data-base e a definição democrática de planos sanitários e educacionais, suspensas desde julho por decisão unilateral do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). O reitor da USP, Vahan Agopyan, é o atual presidente do Cruesp.

Na prática, as categorias da USP, Unicamp e Unesp, representadas pelo Fórum das Seis, têm sido submetidas a uma situação de arrocho salarial, com reajuste zero em 2020 e 2021 e reajustes nulos, ou inferiores à inflação do período, nos anos entre 2012 e 2019. A perda de poder aquisitivo acumulada por docentes da USP já está em torno de 30% desde 2012. O caso do Centro Paula Souza, também representado pelo Fórum das Seis, é ainda pior porque seu orçamento é decidido arbitrariamente pelo governo estadual.

Embora o coordenador do Fórum das Seis e diretor da Adunicamp, professor Paulo César Centoducatte, tenha solicitado previamente a Vahan que recebesse os sindicatos durante a manifestação, isso não aconteceu e a(o)s manifestantes sequer foram recebidos por algum(a) representante do reitor. “A Reitoria está acéfala”, constatou a professora Michele Schultz, presidenta da Adusp. E justo no dia de declarado retorno oficial a atividades presenciais na USP. O clima de desrespeito causou a indignação geral da(o)s participantes.

“Vocês escolheram usar a LC 173 para não nos conceder reajuste”, afirmou Michele ao discursar no ato, fazendo referência à atitude dos reitores frente à lei complementar federal editada pelo governo Bolsonaro em 2020. “Escolheram, porque flexibilizaram a lei para poder adotar uma política eleitoreira, que foi garantir a progressão horizontal dos docentes, que foi outro processo absolutamente arbitrário, sem transparência, que gerou uma grande revolta na nossa comunidade”, disse Michele, agora dirigindo-se especificamente ao reitor da USP sobre o processo de progressão na carreira em curso.

“Você têm de nos receber”, acrescentou, acusando o reitor de “lavar as mãos” por estar em fim de mandato. “Você recebe Douglas Garcia — um negacionista, um cara que divulga fake news — e não recebe as entidades. E bota uma unidade da PM aqui do lado. Nós representamos milhares de pessoas. Queremos que venha minimamente um representante da Reitoria nos trazer a data do agendamento do GT Salarial”, protestou a presidenta da Adusp.

“É uma manifestação clara de desprezo para com os servidores docentes, técnico-administrativos e estudantes das universidades”, resumiu o coordenador do Fórum das Seis e diretor da Adunicamp, Paulo César Centoducatte.

A realização de reunião com os reitores para de­bater o “Plano Sanitário e Educacional”, que é outra demanda importante da Pauta de Reivindicações 2021, também tem sido ignorada pelo Cruesp. Trata-se de uma orientação geral para que as universidades criem as condições materiais, laborais e outras que assegurem um retorno seguro às atividades presenciais, tendo em vista obviamente a pandemia de Covid-19. O Cruesp vem resistindo sistematicamente a discutir o assunto, alegando que cabe a cada universidade decidir como se dará o retorno das atividades.

As representações de docentes, funcionária(o)s e estudantes encerraram o protesto de 4/10 ainda mais indignada(o)s, tanto devido ao fato de que o comprometimento das universidades com a folha salarial nunca esteve tão baixo — cerca de 70% —, quanto ao absoluto desrespeito do Cruesp para com as comunidades da USP, Unesp, Unicamp e do Centro Paula Souza. Assim sendo, o protesto deverá ter continuidade.

EXPRESSO ADUSP


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