O Coletivo Negro Baobás continua a impulsionar uma série de atividades e mobilizações antirrascistas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Nesta quinta-feira (7/12), às 17h, ocorrerá a segunda edição do Encontro para a Consciência Negra na Esalq, sob o tema “Caminhos, Resgates e Re-existência”, com apoio da Adusp.

O debate será realizado no Anfiteatro da Engenharia, tendo como convidados Antônio Felogênio Júnior, batuqueiro, filósofo, percussionista, escritor e doutor em Educação, com pesquisas voltadas para a filosofia africana, afrodiaspórica e oralidade afro-brasileira; José Carlos, pós-graduado em nutrição vegetariana e vegana, idealizador da página “onutrifavelado” (no Instagram), secretário do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsea), representando a Casa do Hip Hop de Piracicaba; e Savana Fernandes, coordenadora de Segurança Alimentar da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Piracicaba.

É notável que este encontro sobre racismo e para consciência negra seja apenas o segundo em mais de 120 anos de história da Esalq. O primeiro foi realizado em 2022, também por iniciativa e organização do Baobás, que tem reiterado em suas ações o quanto o racismo é presente na história e no presente da Esalq. Desde o ingresso dos estudantes, o marcador racial é escancarado: na média dos últimos 10 anos, somente 2% dos ingressantes são negros.

O Baobás realizou igualmente, em 2023, o primeiro “maio antirrascista”, como forma de denunciar a passeata realizada por diversas repúblicas de estudantes da Esalq conhecida como “libertação dos bixos”. A tradicional passeata, em que ocorrem diversos trotes vexatórios, ocorre no dia 13 de maio, como ironia diante da luta dos negros e negras pela abolição da escravidão no Brasil. Trata-se de uma prática racista inadmissível, que no entanto nunca foi motivo de reflexão entre os dirigentes da instituição e continua, inabalável, a cada ano.

Em debate realizado no dia 23/11, com apoio da Adusp e participação de sua presidenta Michele Schultz junto ao Coletivo Negro Baobás, foi enfatizada a luta por reparação histórica dos negros e negras na Esalq, unidade de ensino cuja história apresenta traços racistas evidentes. Durante o debate, também foi levantada a demanda de tratamento da questão racial em disciplina exclusiva e obrigatória como forma de promover a consciência negra e combater o racismo, considerando que a escravidão ocorreu no Brasil sobretudo para assegurar força de trabalho para a agricultura e, até hoje, é neste setor econômico em que são encontrados mais casos de trabalhos análogos à escravidão.

EXPRESSO ADUSP


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