Inclusão e pertencimento
Sem apresentar números exatos da consulta online, PRIP diz que maioria dos(as) moradores(as) do Crusp votou a favor da instalação de portões; vigília nos blocos continua
Votaram 553 estudantes (entre 1.163 que moram no Conjunto Residencial), dos(as) quais 285 (51,6%) teriam votado favoravelmente à medida e 256 (46,2%) teriam votado contra. Porém, a pró-reitoria recusou-se a divulgar os números absolutos da votação
A Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) publicou comunicado na última sexta-feira (16/8) no qual divulga o resultado da consulta online promovida no dia 15/8 sobre a instalação dos portões de acesso nos blocos do Conjunto Residencial da USP (Crusp).
De acordo com a PRIP, votaram por meio do sistema Helios Voting 553 moradores(as) — de um total de 1.163 estudantes de graduação e pós-graduação que residem no Crusp —, “sendo 12 votos nulos e 51,6% favoráveis à instalação dos portões”.
O comunicado discrimina o número de votos apenas na opção “nulo”, mas não nas opções “favorável” ou “contrário”. Procurada pelo Informativo Adusp Online, a pró-reitoria recusou-se a fornecer os números absolutos de votos favoráveis e votos contrários à medida objeto da consulta.
Considerando-se que os 51,6% se referem ao total de 553 votos, a votação aproximada seria de 285 votos favoráveis à instalação dos portões e 256 contrários, contingente expressivo que representa 46,2% dos(as) moradores(as) que se manifestaram.
A consulta foi realizada após os episódios registrados no dia 14/8, quando moradores(as) impediram a instalação dos portões no Bloco F e se envolveram em confronto com a Guarda Universitária no Bloco G.
Desde então, moradores(as) do Crusp se mantêm em vigília na portaria dos blocos para impedir a colocação dos portões.
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No comunicado, a PRIP avalia que é positivo o resultado da consulta, realizada depois da “lamentável violência” da véspera. A pró-reitoria afirma que “mantém-se aberta à manifestação dos moradores e reconhece que existe, entre eles, grande tensão, resultando em situações de assédio e ameaças”. “Nesse sentido, decidimos continuar construindo um diálogo democrático com os moradores do Crusp para definir as ações a serem realizadas”, prossegue.
A pró-reitoria considera ainda que, “como em qualquer condomínio residencial, os portões evitariam que o espaço ficasse vulnerável à presença de pessoas externas à comunidade e reforçariam a segurança dos moradores do conjunto”. “Seguindo as regras que já fazem parte do cotidiano dos moradores, os membros da comunidade universitária podem entrar com a apresentação da carteirinha de identificação da USP, já os visitantes externos podem entrar após realizar o registro na portaria e serem autorizados pelo morador.”
A PRIP afirma que a proposta da nova portaria “foi apresentada à comunidade do Crusp em diversas reuniões abertas, ao longo do primeiro semestre de 2024, com oportunidades para debate e esclarecimento de dúvidas sobre as intervenções”. “Entretanto, parte dos moradores ainda resiste à instalação dos portões. Apesar do diálogo e dos esclarecimentos, insistem em dizer que estamos buscando impedir o livre acesso dos estudantes e confiná-los nos prédios. Atos violentos impediram o início da instalação dos portões no último dia 14 de agosto”, prossegue o comunicado.
“O Crusp é parte da Universidade e deve ser moradia estudantil que permita aos estudantes em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica uma condição digna que colabore para a realização plena de sua vida estudantil. A preocupação com a segurança dos moradores é enorme. Recebemos cotidianamente denúncias de furtos, assédios e demais violências. As ações da PRIP têm por único objetivo melhorar a qualidade de vida dos moradores”, afirma ainda a pró-reitoria.
Entidades estudantis repudiam autoritarismo da PRIP
Depois do confronto da quarta-feira, a Associação dos Moradores do Conjunto Residencial da USP (Crusp), o DCE-Livre “Alexandre Vannucchi Leme” e outras 17 entidades estudantis divulgaram “Nota de repúdio ao autoritarismo da PRIP e às suas ações violentas”.
De acordo com a nota conjunta, enquanto moradores(as) do Bloco F protestavam e conseguiam impedir a instalação dos portões, “a PRIP usou da Guarda Universitária para fechar e começar a instalação das grades no Bloco G na surdina”.
O grupo então se deslocou para o Bloco G. “Após um período de diálogo e discussões sem sucesso, tentamos adentrar para a porta do bloco e garantir os direitos democráticos dos moradores, tão atacados pela PRIP. Nesse momento, integrantes da Amorcrusp e outros estudantes e moradores foram agredidos pelos agentes, em uma clara manifestação violenta da Guarda Universitária do campus que estava defendendo os interesses da PRIP”, prossegue a nota.
As entidades repudiam “veementemente qualquer ação violenta que venha a reprimir os estudantes e os moradores do Crusp”. “Repudiamos, ainda, o desrespeito da PRIP diante da vontade do conjunto dos moradores do Crusp, das entidades estudantis e do movimento estudantil de modo geral”, diz a nota.
As entidades afirmam que “a implementação das grades e qualquer outra coisa sem consulta e debate com aqueles que serão mais afetados pela iniciativa, os moradores, é um ataque à autonomia e ao poder de decisão destes”. “Expressa o autoritarismo e a falta de diálogo da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento sobre os estudantes, fomentando um ambiente repressivo”, concluem.
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