José Maria Pacheco de Souza, presente!
Pacheco (ao centro) na Faculdade de Saúde Pública, em 2006, quando se aposentou

A saúde pública brasileira e a USP perderam, no dia 22 de abril, aos 87 anos incompletos, o professor aposentado José Maria Pacheco de Souza (1936-2023), apontado pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) — onde lecionou desde a década de 1960 — como “mestre responsável pela formação de gerações de sanitaristas”. Foi importante liderança nas áreas de bioestatística e métodos epidemiológicos.

Pacheco graduou-se em Odontologia pela USP (1958), obtendo em seguida dois mestrados em Saúde Pública: pela própria USP e pela University of North Carolina at Chapel Hill (1972). Doutorou-se em Saúde Pública pela FSP, tendo como orientadora Elza Salvatori Berquó, referência nacional em demografia.

Curso internacional de epidemiologia do câncer (Brasília, 1976): agachado, Pacheco é 5º da esquerda para direita

Na FSP, Pacheco entrou como “instrutor voluntário” em 1966, depois “instrutor” em 1967, passando a “professor assistente doutor” em 1970, obtendo a livre-docência em 1984 e tornando-se professor titular em 1992. Presidiu diversas comissões da unidade. Por três vezes chefe do Departamento de Epidemiologia (1989-1991 e 1993-1997), exerceu ainda o cargo de vice-diretor da faculdade (2002-2006), aposentando-se em 2006. No ano seguinte passou a atuar como professor sênior.

“A trajetória do professor José Maria confunde-se com a própria construção da ideia de saúde pública no Brasil”, declarou, em nota, a direção da FSP. “Na pesquisa, conduziu importantes estudos na área da epidemiologia, tendo sido, junto a outros colegas da faculdade, um dos pioneiros a iniciar, na década de 1960, os estudos sobre poluição atmosférica. Em 1973, juntou-se ao grupo que conduzia estudos sobre a função ventilatória em escolares com diferentes níveis de poluição do ar, tema que hoje ocupa as mídias e as pesquisas em muitos laboratórios”. Em 1967, continua, “participou ativamente da criação da Revista de Saúde Pública, com vistas à disseminação da produção científica da área”.

Pacheco caracterizou-se, prossegue a nota, “pelo ensino de técnicas estatísticas inovadoras à época e incentivou que outros docentes da área seguissem essa meta: transmitir conhecimentos na área de Bioestatística, colaborando com o desenvolvimento de pesquisas e análise de dados na FSP”. Cita depoimentos de diversos colegas (professoras Maria do Rosário Latorre, Tatiana Toporcov e professor Gizelton Pereira Alencar), que destacaram a generosidade do mestre e o afeto que dedicava às pessoas ao seu redor.

Na formatura, em 1965, ao lado da esposa Sônia

“Sua conduta sempre será meu grande referencial de vida pessoal, profissional e acadêmica”, comentou a nutricionista e pós-doutora Rosângela Aparecida Augusto, que foi sua orientanda na iniciação científica, no mestrado e no doutorado. Por ocasião da defesa de sua tese, em 2009, ela homenageou o professor por meio de uma apresentação que registra os principais momentos de sua vida acadêmica, disponível aqui.

O docente era filiado à Adusp desde 1986. Integrou a Comissão Editorial da Revista Adusp de 2010 a 2013.

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em nota, lamentou profundamente o falecimento do professor, que participou da Comissão de Epidemiologia da entidade.

Pacheco deixa a esposa, Sônia Buongermino de Souza (com quem se casou em 1964), que é professora aposentada do Departamento de Nutrição da FSP, os filhos Cláudio e Adriana e os netos João e Elisa.

EXPRESSO ADUSP


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