Proposta de alterações no itinerário dos circulares contou com a participação de representantes da comunidade, diz Prefeitura do Câmpus; consulta pública vai até 8/3
Prefeitura avalia que serviço pode melhorar com o mesmo número de ônibus (foto: Adusp)

O adiamento da implantação das mudanças no itinerário dos ônibus circulares, com a criação de uma consulta pública para recebimento de comentários, tem aspectos positivos e negativos, ressaltou a prefeita do Câmpus da Capital, professora Raquel Rolnik, em entrevista ao Informativo Adusp Online.

“A volta às aulas [nesta segunda-feira, 26/2] ocorreu ainda com um modelo que sabemos que não está satisfatório”, diz a professora, reconhecendo que a Prefeitura do Câmpus da Capital (PUSP-C) faz “uma avaliação de que eles [os circulares] não estão bons”. “Estamos adiando as modificações para melhorar, mas por outro lado vamos ganhar com os comentários da consulta pública e isso é positivo”, afirma.

A PUSP-C anunciou as mudanças no último dia 21/2, informando que haveria alterações no itinerário das linhas 8012-10, 8022-10 e 8032-10, que ligam a Cidade Universitária à Estação Butantã do Metrô, além da introdução de uma nova linha, a 8042-10, que circularia apenas no câmpus.

A maioria dos comentários da postagem no Instagram na qual as mudanças foram anunciadas teve um tom crítico, especialmente apontando áreas do câmpus que ficariam desassistidas, como o chamado Baixo Matão. No mesmo dia a PUSP-C decidiu suspender a implantação imediata das alterações e abrir uma consulta pública, disponível até o próximo dia 8/3, para receber observações e sugestões.

Várias críticas à proposta ressaltavam que não seria necessário alterar os itinerários das linhas e que a prioridade deveria ser aumentar o número de ônibus, e houve alunos(as) que disseram acreditar que a proposta foi formulada por pessoas que não utilizam transporte coletivo.

A prefeita do câmpus contestou essa visão e também a reportagem publicada em 23/2 pelo Informativo Adusp Online, que a seu ver não levou em conta que as mudanças propostas são fruto de pesquisas e debates conduzidos no Grupo de Trabalho (GT) Mobilidade, do qual participam alunos(as) de graduação e de pós-graduação e docentes.

De acordo com a professora, o ponto de partida para a proposta de mudanças foram os comentários da audiência pública promovida pela Câmara Municipal e realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) em junho de 2022. “Quem pediu para as parlamentares convocarem a audiência pública fomos nós, porque estávamos pensando em algumas modificações e encontrávamos enorme resistência por parte da SPTrans”, diz.

O GT Mobilidade, formado após a realização da audiência, é o fórum em que têm sido apresentadas as medidas da PUSP-C no campo dos transportes, relata: “É com esse grupo que temos trabalhado para pensar as modificações”.

A professora cita, entre as iniciativas adotadas pela PUSP-C, a realização de uma Pesquisa Origem-Destino, em julho de 2023, que teve cerca de 6 mil respostas. Essa pesquisa subsidiou um estudo desenvolvido por uma consultoria contratada, discutido posteriormente com o GT Mobilidade.

De acordo com a prefeita, a proposta oriunda desse trabalho visava a diminuir o percurso das linhas, permitindo que os ônibus passassem mais vezes nos pontos e reduzindo o tempo de espera. Entre as características do desenho estava a ausência de paradas no terminal da Portaria 3.

SPTrans requereu modificações

A proposta de alterações foi apresentada à SPTrans no final do ano passado, com o pedido de que fosse examinada “com a máxima urgência para que a gente pudesse preparar essas mudanças para o início do ano letivo”, diz a prefeita.

A SPTrans, empresa pública que gere o sistema de transporte coletivo da cidade, criticou alguns pontos e fez propostas de alterações. As principais questões levantadas se referem exatamente ao uso do terminal da Portaria 3 e à necessidade de pausas para os(as) funcionários(as) da empresa Gato Preto, que opera as linhas, conforme exigências trabalhistas.

As alterações anunciadas na semana passada, portanto, não eram as originalmente formuladas pela PUSP-C, mas incluíam as modificações propostas pela SPTrans. A Prefeitura decidiu então “fazer uma experiência durante um período”, diz a professora, mas acabou adiando-a após os comentários dos(as) usuários(as) nas mídias sociais.

“Essas mudanças podem causar impactos negativos para alguns e impactos positivos para outros. Evidentemente que quem é prejudicado se manifesta e reclama, e está no seu direito de fazê-lo”, afirma. “Achamos que era muito mais importante ouvir todos os comentários na consulta pública antes de implementar as mudanças definitivamente. Todos os comentários e sugestões estão sendo estudados para que a proposta possa ser relançada com eventuais ajustes e mudanças.”

Prefeitura defende que serviço pode melhorar com o mesmo número de ônibus

Atualmente, as três linhas circulares são operadas por 18 carros, total que seria mantido com a criação da linha 8042-10. Na avaliação da prefeita, a proposta de não alterar os atuais itinerários e aumentar o número de ônibus, defendida em comentários nas postagens da PUSP-C, enfrenta dificuldades técnicas como o limite de veículos comportados pelos terminais. Ao mesmo tempo, diz, “você nunca vai pegar a turma toda que chega de metrô e colocar nos ônibus, isso não existe”.

Aumentar o número de circulares implicaria ainda ampliar a despesa da USP para manter o sistema, argumenta. A universidade repassa cerca de R$ 18 milhões anualmente para a SPTrans, basicamente para manter o subsídio do cartão Busp para os(as) estudantes.

Raquel Rolnik defende que, com a atual quantidade de veículos, “dá para cobrar a SPTrans para que haja um desempenho melhor dentro do valor que a gente paga”. “É claro que, se isso for absolutamente impossível, a hipótese de aumentar o número de ônibus nunca está afastada, mas esse é um outro passo”, acrescenta.

A prefeita chama a atenção ainda para o fato de que a operação das linhas circulares “está dentro do modelo geral [do transporte coletivo] da cidade, com todas as limitações e problemas que ele tem”.

Enquanto o deslocamento com os ônibus continua sendo um problema cotidiano para a comunidade uspiana, seguem as conversas em torno da futura Linha 22-Marrom do Metrô, uma das expansões da rede em estudo pelo governo do Estado, ainda sem previsão de prazo para as fases de licitação e obras. O seu traçado preliminar vai da Estação Sumaré (Linha 2-Verde) até Cotia e prevê uma estação na Cidade Universitária e outra na Av. Corifeu de Azevedo Marques.

Nesta terça-feira (27/2), a PUSP-C, a FAU e a Escola Politécnica estabeleceram uma parceria com a Gerência de Planejamento e Meio Ambiente da Diretoria de Engenharia do Metrô para o desenvolvimento da estação no câmpus.

“A Linha 22-Marrom está em fase de desenvolvimento de anteprojeto. É verdade que o horizonte não é rápido, não é imediato, mas [ela] está em andamento”, conclui Raquel Rolnik.

EXPRESSO ADUSP


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