Previdência
Depois de pressão e luta do funcionalismo, Alesp aprova projeto que acaba com confisco de aposentadorias e pensões a partir de 2023
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou por unanimidade nesta terça-feira (25/10) o Projeto de Lei Complementar (PLC) 43/2022, que acaba com o desconto previdenciário da(o)s servidora(e)s aposentada(o)s e pensionistas do estado que recebem entre um salário mínimo (R$ 1.212,00) e o teto da Previdência (R$ 7.087,22). Os descontos serão mantidos para aquela(e)s que recebem acima do teto.
O projeto determina que a medida passa a valer a partir de 1o/1/2023. O texto segue agora para sanção do governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Os descontos foram instituídos pelo governo João Doria-Rodrigo Garcia (PSDB) em 2020, como parte do pacote de maldades decorrente da “reforma da Previdência” estadual.
Fruto de um acordo na Alesp, o PLC 43 foi assinado por toda(o)s a(o)s parlamentares. A justificativa do projeto apontava que, dois anos após a sua criação, a “norma produziu um considerável custo social, suportado por milhares de aposentados e pensionistas, em especial os que percebem proventos ou pensões mais modestos”.
A “eliminação desse custo social, com a maior brevidade possível”, prosseguia a justificativa, atende “aos numerosíssimos reclamos que neste sentido, justa e legitimamente, têm feito aposentados e pensionistas de todo o Estado, bem como suas entidades representativas”.
De fato, desde 2020 as entidades do funcionalismo, principalmente por meio da Frente Paulista em Defesa do Serviço Público, realizaram um intenso e incessante processo de pressão para que o confisco fosse derrubado, mobilização fundamental para que o governo tucano e sua base de apoio na Alesp recuassem do confisco.
Parlamentares vão lutar agora pelo ressarcimento dos valores descontados
“Depois de dois anos, finalmente a Assembleia corrige uma injustiça que é essa cobrança de aposentados e pensionistas. Mas quero dizer que ainda não acaba a luta. Vamos lutar agora para que haja o ressarcimento do que foi cobrado até o presente momento”, afirmou num vídeo em suas mídias sociais a deputada Professora Bebel (PT), presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
O ressarcimento dos valores descontados será uma nova etapa da luta, concorda o deputado Carlos Giannazi (PSOL), que já encaminhou uma emenda ao projeto da Lei Orçamentária Anual de 2023 para que o orçamento do estado reserve recursos para essa devolução.
“O fim do confisco é uma vitória importante dos aposentados e pensionistas, que desde meados de 2020 estavam sofrendo com esse assalto, esse crime”, disse Giannazi, autor do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 22/2020, que tem a mesma finalidade do PLC 43/2022 e está pronto para ser votado em plenário. O PDL 22/2020, porém, determina a anulação do decreto 65.021/2020, enquanto o PLC 43/2022 revoga o § 2º do artigo 9º da Lei Complementar (LC) 1.012/2007, cuja redação foi alterada pela LC 1.354/2020, que instituiu a “reforma da Previdência” estadual. O PDL 22/2020 prevê a suspensão imediata dos descontos.
O montante de recursos que o governo estadual arrecada com o confisco de aposentadorias e pensões chega a cerca de R$ 2 bilhões por ano, de acordo com dados apresentados numa audiência pública na Alesp em agosto. Esse valor representa menos de 1% do orçamento do estado de São Paulo em 2022, de R$ 286,7 bilhões.
Além disso, a cobrança dos dez maiores devedores inscritos na Dívida Ativa – cujos débitos se aproximam de R$ 28 bilhões, de acordo com números oficiais da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) – devolveria aos cofres públicos o equivalente a quase 14 anos do valor confiscado pelo governo.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- A continuidade do desmonte do HU¹
- Justiça Federal emite mandado de prisão contra o “hacker” Azael, autor de ataques à USP em março
- Reitoria pretende reeditar Estatuto do Docente, para subordinar CERT à Comissão Permanente de Avaliação; instituir nova instância avaliatória do regime probatório, a “CoED”; e ampliar de 6 para 18 o repertório de perfis docentes
- Confira aqui a nova vitória da Adusp no TJ-SP contra a tese da Reitoria de “prescrição” da ação da URV, e outros andamentos recentes do caso
- “Fui aprovado por unanimidade, mas meu nome está sendo veiculado de forma negativa, como se eu tivesse interferido na constituição da banca”, diz prefeito do câmpus de Piracicaba, que repele acusação de favorecimento em concurso de titular