Representação sindical
Nova diretoria do Andes-SN assume mandato no 66º Conad e reforça necessidade de unidade na luta em defesa da educação pública
Encerrado no último domingo (16/7), o 66º Conad do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) sediou debates sobre a conjuntura, aprovou deliberações que atualizaram o plano de lutas da categoria e ratificou as contas da entidade. No encontro, também tomou posse a nova diretoria do sindicato nacional para o período 2023-2025.
O Conad foi realizado de 14 a 16/7 na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, com organização da Adufcg. Participaram mais de 330 docentes de 69 seções sindicais, além de 33 diretore(a)s nacionais e 12 convidado(a)s.
O novo presidente da entidade, Gustavo Seferian (UFMG), destacou os desafios do Sindicato Nacional. “O Andes-SN vive o que são os efeitos de um processo de reorganização do mundo do trabalho, da ofensiva dos interesses do capital, que nos interdita a ter laços de solidariedade, vivência e identificação com os nossos companheiros de trabalho e de luta, e isso passa por enfrentar o que são ainda os efeitos de certa virtualização das nossas atividades de trabalho, a retomada dos nossos espaços em universidades, institutos federais e Cefets [Centros Federais de Educação Tecnológica]”, afirmou.
“Essa é a primeira tarefa, indispensável para a construção da presencialidade da nossa luta, militância política e também um reaquecer do lugar do Sindicato Nacional e do movimento sindical como um instrumento de luta e da consagração dos nossos interesses”, prosseguiu Seferian, para quem o caminho a seguir é o da “formação da luta, da organização de base e do fortalecimento da nossa entidade”.
Seferian (UFMG) fez também um chamado à unidade e ao respeito às diferenças internas. “Queremos que aqueles e aquelas que se desgarraram do Andes-SN retornem, para ontem, às bases do Andes-SN. O Sindicato ainda é o nosso lugar e a gente tem esse dever”, afirmou.
As professoras Raquel Dias Araujo (Uece), Francieli Rebelatto (Unila) e Jennifer Webb (UFPA) são, respectivamente, 1ª vice-presidenta, secretária-geral e 1ª tesoureira da nova diretoria.
A professora Rivânia Moura, que deixou a presidência da entidade, afirmou que sua gestão cumpriu o objetivo de defender a educação e os serviços públicos. “Assumimos a diretoria do Andes-SN em um momento extremamente difícil mundialmente e no Brasil. Período de profunda dor em decorrência da pandemia, conjugada com um governo de extrema-direita, negacionista, fascista, que fez com que vivêssemos um cenário extremamente difícil para a classe trabalhadora no nosso país, com a negação da vacina e a negação do isolamento social. Diante desse cenário, conseguimos manter o Andes-SN vivo e atuante em todas as frentes de luta e construímos a mais ampla unidade para enfrentar o fascismo nas ruas”, disse, destacando também a importância da mobilização contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, da reforma administrativa.
Encontro representou as várias forças políticas que compõem a entidade, avalia presidenta da Adusp
Nos debates realizados no encontro, que tiveram como base os textos de apoio encaminhados pela diretoria nacional e por docentes da base, foram abordados temas da conjuntura nacional e internacional, a derrota da extrema-direita nas urnas e a necessidade de vencê-la nas ruas, e as crises social, econômica, ambiental e climática.
A Carta de Campina Grande, que traça um painel geral das discussões do Conad, ressalta que, entre outros pontos, o(a)s participantes reforçaram a necessidade “da defesa de ciência e tecnologia com financiamento público e adequado para atender aos interesses e necessidades da classe trabalhadora” e expressaram “o combate à lógica do produtivismo que orienta a atuação da pós-graduação, em especial”.
A carta reafirma que “a luta pela autonomia universitária é central”, e por isso a categoria defende o fim da lista tríplice e a garantia de “eleições diretas, paritárias e com processos de consulta democrática às nossas comunidades que se iniciem e encerrem nas Universidades, Institutos e Cefets”.
“Este Conad está bem representativo das várias forças políticas que constituem o Sindicato Nacional. Na plenária do Tema 1, as divergências puderam ser debatidas e as diferentes análises puderam ser desenvolvidas, mostrando alguns elementos de centralidade, principalmente no que se refere à necessidade da revogação do arcabouço fiscal e também do ‘novo’ Ensino Médio”, avaliou Michele Schultz, presidenta da Adusp e 1ª vice-presidenta da Regional São Paulo do Andes-SN, que coordenou a mesa da plenária.
Michele destacou que algumas falas trouxeram denúncias em relação às condições de trabalho da categoria e apontaram a necessidade de ampliar a luta por mais recursos para as instituições de ensino públicas. Também foi debatido o processo eleitoral do Andes-SN ocorrido em maio, expressando a legitimidade da diretoria empossada no encontro.
Outro desafio para o próximo período, pontua ela, é reforçar a luta pela diversidade, as lutas antimachista, antirracista, antiLGBTQIA+fóbica, antixenofóbica, antietarista e anticapacitista.
Também compuseram a delegação da Adusp as professoras Gabrielle Weber (EEL) e Annie Schmaltz Hsiou (FFCLRP) e o professor Marcos B. de Carvalho (EACH).
Maior parte da categoria docente se sente sobrecarregada e pressionada, revela enquete
Na plenária de encerramento, foram aprovadas diversas moções que expressam repúdio às posturas conservadoras e misóginas de parlamentares municipais, estaduais e federais da extrema-direita e aos ataques à educação pública, à liberdade de cátedra e a trabalhadore(a)s da educação. A cidade de Belo Horizonte foi escolhida como sede do Conad de 2024.
Também ocorreu no Conad de Campina Grande o lançamento do resultado da enquete sobre as condições de trabalho e saúde do(a)s docentes que atuam nas universidades públicas, institutos federais e Cefets, respondida por 1.874 professore(a)s de 11 instituições. O levantamento preliminar apontou que 75% do(a)s docentes se sentem sobrecarregado(a)s sempre ou frequentemente e 79% se sentem pressionado(a)s sempre ou frequentemente.
Quanto à garantia dos direitos trabalhistas após a pandemia, 37% responderam que consideram a situação insatisfatória; para 13%, é muito insatisfatória; 2,3% responderam que a consideram muito satisfatória e 17% satisfatória, enquanto para 32% não é nem satisfatória nem insatisfatória.
O encontro teve ainda o lançamento da edição 72 da revista Universidade e Sociedade, que tem como tema “A crise ecológica e socioambiental: territórios, política e meio ambiente”.
(Com informações do Andes-SN)
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