Universidade
Professor titular precisa de coaching?
Nesta quinta-feira, 16 de maio, na Sala do Conselho Universitário, a Reitoria da USP promoveu o evento denominado “Novos professores titulares da Universidade de São Paulo: protagonismo e perspectivas futuras”, iniciativa que suscita grande curiosidade, porque sinaliza, de algum modo, que os titulares precisam passar por uma etapa de coaching.
O documento distribuído pela Reitoria informa os objetivos da atividade: “Discutir e refletir sobre o papel do Professores Titulares enquanto liderança acadêmica, científica e política para a Universidade que pretendemos ter, ou seja, a Universidade dos novos tempos e recepcionar esses professores titulares nomeados no período compreendido entre 25/1/2022 e 25/1/2024” (destaques nossos).
O conferencista Luiz Davidovich (UFRJ) e as debatedoras Maysa Furlan (Unesp) e Maria Luiza Moretti (Unicamp) receberam a incumbência de abordar o tema “O papel de liderança do Professor Titular na Universidade no atual contexto: prioridades e indicadores”. Na parte da tarde, dez grupos de trabalho discutiriam o tema “Perspectivas de Futuro da USP”, o que faz lembrar o funesto projeto “USP do Futuro”, da McKinsey&Company.
Cada GT analisaria um subtema específico: graduação, pós-graduação, pesquisa, inovação, cultura, extensão, internacionalização, gestão, inclusão e pertencimento e comunicação. Ao final, cada GT teve cinco minutos para uma apresentação. Não se explicitou, no programa, que vinculação existiria entre o debate nos grupos e as questões relativas ao papel atribuído aos professores e professoras titulares, objeto da conferência de abertura.
“Confesso que não entendi o sentido desse evento. Há algo entre um colégio de formação de ‘lideranças universitárias’, por um lado, e uma celebração dos que entraram no ‘clube dos titulares’, por outro lado”, disse ao Informativo Adusp Online o professor titular Marcelo Zaiat, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). “Não captei a essência do evento e nem consegui minimamente entender o que se busca com algo deste tipo e qual seria sua contribuição para a universidade dos ‘novos tempos’. Certamente não é a de Florestan Fernandes”, completou Zaiat, que é diretor regional da Adusp.
Cabe acrescentar que a desejada, pela Reitoria, “liderança política” dos(as) professores(as) titulares guarda estreita relação com a democracia à la USP, que ainda hoje atrela a estrutura de poder da instituição à titulação acadêmica máxima. Trata-se portanto de uma herança das extintas — só formalmente? — cátedras. O evento em questão reafirma essa perspectiva.
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