Universidade
Adusp e demais entidades representativas encaminham às chapas de “reitoráveis” carta-compromisso referente ao Hospital Universitário
Adusp, Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), DCE-Livre “Alexandre Vannucchi Leme” e Coletivo Butantã na Luta encaminharam conjuntamente às três chapas de “reitoráveis”, nesta quinta-feira, 13 de novembro, “para apreciação e eventual subscrição”, uma carta-compromisso aprovada no Seminário sobre o HU da USP, realizado na antevéspera no auditório do Hospital Universitário (HU).
A carta-compromisso sintetiza pontos debatidos durante o evento, organizado por essas entidades. Destaca o fato de que, além de assegurar a indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão, como as demais unidades da USP, o HU tornou-se “referência assistencial para a comunidade da região do Butantã”. Em 2013, revela, foram realizadas 5.100 cirurgias e prestados cerca de 16 mil atendimentos mensais no HU. Naquele ano o hospital possuía 250 leitos e cerca de 1.850 trabalhadores(as) e contribuiu para a formação de cerca de 2.200.
Em 2014, a gestão reitoral M. A. Zago–V. Agopyan tentou “desvincular” o HU da USP — “proposta barrada pela mobilização popular, estudantil e sindical”. Momentaneamente derrotada, a Reitoria passou a promover um processo de desmonte institucional do HU, “incluindo o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), que resultou na redução de aproximadamente 228 trabalhadores(as), ocasionando diminuição expressiva de atendimentos e de leitos disponíveis”. Esse processo “reduziu drasticamente o acesso da população aos serviços de saúde e comprometeu a função formativa do HU, sem reversão significativa nas gestões seguintes (Agopyan–Hernandes, 2018-2021, e Carlotti Jr.–Arruda, 2022-2025)”, como demonstrado detalhadamente em artigo de autoria de César Minto e Michele Schultz disponível aqui.
Na atualidade, a Reitoria tem avançado no desmanche do HU, aponta a carta-compromisso: “Embora tenha anunciado contratações e investimentos, a atual gestão declarou no Conselho Universitário, em março de 2023, que não recuperaria o HU, alegando que ‘o HU é um serviço extremamente caro’. Segundo o último Anuário Estatístico da USP, em 2024, considerando a comunidade USP foram realizadas 43.912 consultas, o que representa 27% das realizadas em 2013; para a comunidade SUS-Butantã foram realizadas 32.173 consultas, o que representa 11,5% das realizadas em 2013; considerando a comunidade USP foram realizadas 297 cirurgias, o que representa 30,3% das realizadas em 2013; para a comunidade SUS-Butantã foram realizadas 2.337 cirurgias, o que representa 56% das realizadas em 2013; no mesmo período o quadro de pessoal sofreu uma queda de quase 30%, com 550 servidores(as) a menos; e o número de leitos caiu de 233 para 128, uma redução para quase a metade dos leitos existentes em 2013!”.
Diante de tal cenário, a carta reivindica “que o HU recupere sua plena capacidade assistencial e formativa, retomando sua vocação histórica como hospital, com qualidade socialmente referenciada e reconhecimento nacional e internacional”, e aponta uma série de compromissos que considera imprescindíveis para que tal objetivo seja alcançado, entre os quais “contratação de profissionais efetivos, via carreira USP e por concurso público, garantindo atendimento qualificado e com condições adequadas de trabalho”; “destinação de orçamento estável e suficiente para o funcionamento pleno do HU”; “implementação imediata do Regimento aprovado pelo Conselho Deliberativo do HU”; “fortalecimento da participação das unidades acadêmicas que utilizam o HU como campo de estágio, assegurando a indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão”; “garantia de articulação efetiva das Superintendências do HU e de Saúde da USP com o referenciamento da Zona Oeste, em diálogo com as Secretarias Municipal e Estadual da Saúde”; “redefinir a contratualização do SUS , de forma a garantir pleno atendimento, com qualidade, a moradora(e)s da região do Butantã, com o HU compondo a rede de assistência em saúde”; “manutenção do caráter público do HU, de acordo com preceitos do SUS, contra qualquer forma de privatização (OSS, fundações, terceirizações, entre outras); “garantia da modernização da infraestrutura, com reformas, aquisição de equipamentos e atualização de procedimentos; “recuperação plena do HU, com reabertura dos leitos fechados e retomada dos atendimentos em todas as especialidades”; “manutenção da vocação do HU como hospital-escola, formando profissionais de saúde para atuarem no SUS”.
Respondendo em nome da chapa “USP pelas Pessoas”, formada por Aluísio Augusto Cotrim Segurado e Liedi Légi Bariani Bernucci, Diva Helena M. Nogueira agradeceu às entidades pelo envio da carta-compromisso, manifestou compromisso programático “com todas [as] iniciativas de melhoria da gestão da Universidade” e informou que “seu e-mail será cuidadosamente lido e analisado pelos candidatos”.
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