Universidade
Reitoria nega-se a revogar “edital de mérito” e só garante reposição automática de docentes em casos de exoneração
Foram dois dias de intensas negociações e de reviravoltas, a começar da decisão da assembleia geral estudantil, na segunda-feira 9/10, de dar continuidade à greve, por considerar insuficientes as propostas apresentadas pela Reitoria na reunião de 4/10 e na de 9/10; em resposta, a decisão do reitor de cancelar a reunião agendada para terça-feira 10/10; a forte e imediata reação discente (que ameaçou derrubar as grades erguidas em torno do prédio da Reitoria); e, em seguida, o recuo de Carlotti Jr. e a realização de nova rodada de conversações na terça à tarde.
Ao cabo dessa última rodada de negociação, a Reitoria divulgou uma nova ata, assinada pelo próprio reitor, na qual são explicitados ou ampliados certos compromissos que havia assumido em 4/10, especialmente no tocante às reivindicações de permanência estudantil, tais como a distribuição de bolsas PUB e o fornecimento de refeições nos restaurantes universitários. Outros compromissos incluem a implementação de comissões de Acesso Indígena e de Verificação Indígena (itens 4 e 5).
Ao mesmo tempo, a Reitoria rejeita duas reivindicações cruciais tanto do movimento estudantil quanto das assembleias da Adusp: a reposição imediata de todas as vagas docentes abertas nas unidades por aposentadorias, falecimentos ou exonerações (“gatilho automático”), e a revogação do chamado “processo competitivo”, mediante o qual a contratação de docentes é subordinada à aprovação de projetos apresentados pelas unidades.
“A Reitoria mantém a proposta de até o final de sua gestão realizar a reposição automática de todos os professores exonerados”, diz o ponto 2 da ata, em português duvidoso (o correto seria “até o final desta gestão”). Assim, aposentadorias e falecimentos, que respondem pelo maior número de desligamentos de docentes a cada ano, são excluídos da reposição automática. “As demais vagas de 2023 até 2025 serão decididas segundo o Conselho Universitário ano a ano, seguindo a proposição orçamentária”, acrescenta-se ainda no ponto 2.
A questão do “processo competitivo” ou “edital de mérito” como método de distribuição de claros docentes, por sua vez, aparece no ponto 23 da ata: “A Reitoria nega a possibilidade de revogar o edital de mérito docente permanentemente. A proposta da Reitoria é estudar mudanças na porcentagem estabelecida”. Tal percentual é o que foi definido pela Comissão de Claros Docentes (CCD) em abril de 2022 (Circular GR 109/2022, item 8): “critério de 50% reposição e 50% mérito acadêmico”.
Nesse mesmo item 8 dessa mesma Circular GR 109/2022 constata-se que a proposta feita pela Reitoria na ata de 10/10, no tocante à reposição automática de docentes exonerados(as), corresponde, na realidade, a uma decisão que a CCD já tomou em 2022: “Quanto às exonerações, estas serão objeto de concessão automática”.
Uma nova assembleia geral estudantil estava agendada para esta quarta-feira (11/10), às 18h30, para apreciar as propostas da Reitoria.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- A continuidade do desmonte do HU¹
- Justiça Federal emite mandado de prisão contra o “hacker” Azael, autor de ataques à USP em março
- Reitoria pretende reeditar Estatuto do Docente, para subordinar CERT à Comissão Permanente de Avaliação; instituir nova instância avaliatória do regime probatório, a “CoED”; e ampliar de 6 para 18 o repertório de perfis docentes
- Confira aqui a nova vitória da Adusp no TJ-SP contra a tese da Reitoria de “prescrição” da ação da URV, e outros andamentos recentes do caso
- “Fui aprovado por unanimidade, mas meu nome está sendo veiculado de forma negativa, como se eu tivesse interferido na constituição da banca”, diz prefeito do câmpus de Piracicaba, que repele acusação de favorecimento em concurso de titular