Universidade
Reitoria anuncia nova etapa na progressão da carreira de funcionários(as), sem participação de representantes da categoria
Na segunda reunião do Conselho Universitário (Co) da USP em 2024, realizada nesta terça-feira (20/2), o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior anunciou que a USP dará início a uma nova etapa de progressão na carreira para servidores(as) técnico-administrativos(as). A última progressão, realizada após formação de Comitês de Análise (CAs) nas unidades e avaliação individual dos(as) servidores(as), ocorreu há onze anos, em 2013, ainda na gestão do ex-reitor J.G. Rodas.
Na próxima semana, de acordo com Carlotti Jr., haverá duas reuniões online para a apresentação das diretrizes do processo. Uma delas será restrita a diretores(as) e assistentes indicados(as) pelas unidades e a outra será aberta à comunidade. Apenas na primeira será possível fazer perguntas. O reitor justificou a restrição dizendo que na reunião aberta “nós teríamos milhares de perguntas, então vai ser só uma apresentação”.
Procurados pelo Informativo Adusp, o Departamento de Recursos Humanos e a Assessoria de Imprensa da Reitoria não confirmaram os dias e horários das reuniões.
Carlotti Jr. afirmou que já há “uma espécie de proposta” para o formato da progressão, e ela é que será apresentada a diretores(as) e funcionários(as). Essa “pré-proposta” pode ser “aperfeiçoada, pode ser modificada”, mas será o ponto de partida para o processo. O modelo, disse, é “muito melhor” do que o utilizado na progressão anterior, quando participou na condição de diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).
A Reitoria quer aprovar a metodologia já na próxima reunião do Co, em 19/3, para que a seguir sejam formados os CAs e iniciadas as avaliações. “Provavelmente vai ser a nossa atividade mais importante do ano”, definiu Carlotti Jr.
A aprovação no Co não é obrigatória, considera o reitor, mas o conselho deve dar o seu aval “para todo mundo saber o que está acontecendo, poder mudar e nós fazermos um processo que tenha um mínimo de conflito”.
Servidores reivindicam participação no processo e retomada da CCRH
A “pré-proposta” de progressão a ser apresentada aos e às servidores(as) técnico-administrativos(as), mas não efetivamente discutida com eles(as), repete o modus operandi de todas as gestões reitorais, ao ignorar exigências democráticas elementares. Sua formulação excluiu a participação da categoria diretamente interessada no tema, e, por essa razão, foi fortemente criticada pelos representantes dos(as) servidores(as) no Co.
“Não sei qual vai ser o escopo do projeto, então não posso julgar o mérito. Mas o método, com certeza, do nosso ponto de vista é bastante equivocado”, afirmou na reunião Reinaldo de Souza, que além de integrante do Co é diretor do Sintusp.
O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) tem reivindicado a possibilidade de participação na elaboração de uma proposta, porque “a categoria acumulou experiência com os processos anteriores” e tem contribuições a fazer, disse Souza.
“Ao contrário de ter uma participação nesse processo, a gente vai assistir a uma live e nem vamos poder fazer perguntas. Depois virá para o Co, sem nenhuma discussão real com a categoria de funcionários ou com a sua representação”, criticou.
De acordo com Souza, há uma demanda na categoria de uma carreira que seja mais permanente no tempo e na qual os(as) servidores(as) tenham previsão de como progredir. “Isso é algo que existe em outros órgãos públicos e que não existe aqui. O que a USP tem são esses episódios de avaliação”, apontou. Souza lembrou ainda que o processo de progressão horizontal da categoria está parado pelo menos desde 2019.
O servidor ressaltou também que a eleição de servidores(as) para a Comissão Central de Recursos Humanos (CCRH) foi realizada em outubro de 2022, mas as representantes eleitas não foram empossadas e a comissão não tem se reunido nos últimos anos. “E pelo visto essa discussão também não vai passar por lá”, disse.
Outro representante da categoria, Samuel Filipini, reivindicou que seja aberta a possibilidade de debate na apresentação do projeto para a progressão na carreira e também cobrou a retomada das atividades da CCRH.
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