Nesta quinta-feira (24/8), em pelo menos 14 cidades brasileiras, o Movimento Negro Unificado (MNU) e diversas entidades representadas na Coalizão Negra por Direitos —Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Associação de Mães e Familiares de Presxs (Amparar), Frente Nacional de Mulheres do Funk, Geledés-Instituto da Mulher Negra, Unegro, Conen, Uneafro Brasil e outras — realizam a “Jornada Nacional de Luta pelas Vidas Negras”, mobilização que pretende reagir às recentes chacinas cometidas pelas Polícias Militares na Bahia, em São Paulo e no Rio de Janeiro, bem como ao assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, no Quilombo de Pitanga dos Palmares, na região metropolitana de Salvador (BA), na quinta-feira da semana passada (17/8).

Na capital paulista, está prevista concentração no vão do MASP, na Avenida Paulista, a partir das 18h. Já estão agendadas manifestações no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Aracaju, Vitória e Brasília, e estão sendo organizadas outras nos estados do Rio Grande do Sul, Pará, Piauí, Maranhão e Bahia.

As chacinas conduzidas pelas Polícias Militares, normalmente com alguma camuflagem institucional —como a “Operação Escudo” desfechada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Baixada Santista, que já assassinou pelo menos 18 pessoas —, chocam pela truculência e covardia empregadas contra trabalhadores(as) negros(as) e pobres, escolhidos aleatoariamente para morrer. No caso paulista isso se deu num contexto de vingança relacionada ao assassinato, na cidade do Guarujá, de um policial que atuava nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), batalhão dito “de elite” da PM.

Apesar dos protestos de movimentos sociais, Ouvidoria das Polícias, entidades de direitos humanos, partidos políticos e até do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Tarcísio decidiu dar continuidade à “operação” militar. Nesta terça (22/8), moradores da comunidade Perequê, no Guarujá, denunciaram que as tropas da PM agora estão derrubando os barracos que servem de moradia à população.

Embora as chacinas tenham dado maior visibilidade às ações frequentemente ilegais e criminosas das Polícias Militares, a verdade é que esses contingentes policiais agem historicamente de modo extremamente violento e racista. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 (organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública), que traz dados relativos a 2022, indica que negros(as) somam 83% das vítimas de intervenções policiais.

EXPRESSO ADUSP


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