Defesa da Universidade
Falta de docentes na FEA limita opções dos alunos
Preservar direitos de estudantes e docentes Classes lotadas, redução do número de disciplinas optativas oferecidas aos estudantes, docentes sobrecarregados… Problemas que têm sido recorrentes em várias unidades da USP, não apenas na FEA. Para caminhar na direção de resolvê-los, sem criar outros ainda maiores, é preciso aumentar o corpo docente; para tanto, a carreira e os salários iniciais precisam ser atraentes. |
A escassez de docentes no Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP alcançou um ponto crítico. Se há duas décadas o departamento possuía 120 docentes, hoje são apenas 69, dos quais somente 49 ativos. O problema provocou a extinção de algumas disciplinas, prejudicando os estudantes.
“O número de professores vem caindo há muito tempo, apesar de várias contratações. Houve muitas aposentadorias, e embora vários desses professores aposentados continuem dando aulas, o número de disciplinas lecionadas por eles diminuiu. Tudo que estava ao alcance do Departamento de Economia e da FEA foi feito, mas não no ritmo suficiente”, declara a professora Leda Paulani ao Informativo Adusp. “Conseguimos mais claros, mas esses esforços foram insuficientes”.
Algumas propostas de solução foram apresentadas e estão em debate nas diversas áreas do departamento. Uma delas prevê a reorganização das optativas eletivas — as quais devem somar, em conjunto com as disciplinas livres, 72 créditos ao final do curso — em 10 módulos, com seis créditos-aula e dois créditos-trabalho por disciplina. As disciplinas de cada módulo seriam ministradas por até quatro professores. Além das obrigatórias, o aluno teria de cursar cinco módulos para se formar. A autora da proposta é a professora Vera Fava, coordenadora do curso, que considera necessárias revisões periódicas nas estruturas curriculares com objetivo de atualizá-las e de incorporá-las aos “desenvolvimentos mais recentes da ciência na qual pretendem versar seus quadros discentes”, segundo explica ao Informativo Adusp. “A revisão do conteúdo complementar tem como objetivo adequá-lo a novas áreas ou temas relevantes para nossos alunos”, acrescenta.
Carga didática
O professor Rodrigo De Losso Bueno, por sua vez, propõe adicionar dois créditos-trabalho às matérias obrigatórias do curso (Macroeconomia, Microeconomia, Econometria), o que consequentemente reduz a carga horária das matérias optativas; a FEA reduziria as disciplinas optativas de Economia, de 50 para 15 por ano. Para se formar, o aluno deveria cursar pelo menos oito. O professor De Losso não foi encontrado pela reportagem para comentar sua proposta, que é indiretamente criticada pela professora Leda: “O principal agora é não prejudicar os alunos. Cortar disciplinas eletivas é uma fórmula fácil, às custas de um empobrecimento do universo de opções dos alunos”.
De acordo com ela, um dos problemas é que o departamento ministra a disciplina de Introdução à Economia para diversas unidades (e cursos) da USP: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Escola de Comunicações e Artes e outras.
No dia 19/8 ocorreram duas assembleias de estudantes, pela manhã e à noite, com a participação de professores convidados, para debater o assunto, por iniciativa do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC). “O CAVC, assim como os alunos, apoia o aumento da carga obrigatória dos professores na Economia”, declara a presidente do centro, Maíra Madrid. Um abaixo-assinado pedindo a manutenção da atual estrutura, com aumento da carga didática dos docentes, já está circulando.
Informativo n° 332
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