Na edição de 2/8 do programa “Palavra do Reitor”, o reitor Grandino Rodas teceu comentários depreciativos sobre a rede pública de ensino fundamental e médio e a qualidade dos seus alunos, ao falar da ampliação do Programa de Avaliação Seriada (Pasusp), que integra o Inclusp, programa de “inclusão social” da universidade.

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal de considerar constitucionais as cotas nas universidades federais colocou em evidência a inconsistência do Inclusp, criado exatamente como uma alternativa ao sistema de cotas.

“Desde o ano passado o Pasusp foi estendido aos alunos do segundo ano do ensino médio”, informou Rodas. “Porque muitas vezes as pessoas sequer fazem a inscrição, imaginando que não poderão ser aceitas. Por falta disso outros, com menos categoria ainda [sic], passam”, afirmou o reitor. “O Inclusp é um conjunto de soluções com o objetivo de ampliar o acesso do estudante de escola pública. Se a escola pública fosse como ela era há algumas décadas, isso absolutamente não seria necessário”, prosseguiu. “O fato é que a escola pública, inclusive no Estado de São Paulo, de certa forma é algo que as pessoas fogem dela, porque, por muito que se venha tentando, até o momento não se conseguiu fazer com que a escola pública fosse algo aceitável”.

“Menos preparados”

Rodas não apontou as causas da má qualidade da rede pública, mas foi categórico em seu diagnóstico: “No próprio Estado de São Paulo, cuja Secretaria da Educação tem uma das maiores verbas de todas as secretarias, inclusive [sic] maior que a da Saúde, o fato é que ainda não se conseguiu ter uma escola pública de qualidade”.

No entendimento do reitor, esse problema acarreta uma preocupação adicional para a USP: “Isso faz com que a universidade tenha que fazer algo que ela não precisaria fazer, que é justamente tentar facilitar o ingresso de estudantes de escolas públicas, que não têm o nível dos das escolas privadas”.

Rodas deu ênfase à suposta qualidade superior das escolas particulares: “Não conseguiram ainda achar uma forma de fazer com que a escola pública se transforme em uma escola minimamente digna. Cabe à universidade fazer ações para que esses alunos, apesar de menos preparados que os da escola privada, possam ingressar”.

A seu ver, é preciso que tais ações sejam apenas “contingenciais”, pois caso se estendam no tempo poderão até mesmo destruir a USP: “O que se espera é que essas funções de auxílio, essas muletas, não continuem nas próximas décadas, porque se isso acontecer o que nós vamos ter é justamente um abaixamento [sic] do nível de qualidade do nível da própria universidade, e aí sim teremos completado o círculo vicioso completo [sic]. Quer dizer, já houve destruição da escola pública fundamental e média, e se continuar dessa forma haverá destruição também da universidade pública de São Paulo, inclusive da USP, que hoje está nos seus melhores momentos”.

De ponta?

Ao anunciar a oferta de 10.982 vagas no atual vestibular, Rodas apontou algumas novidades, como a ampliação de vagas no curso de Engenharia de Petróleo, oferecido pela Escola Politécnica em Santos, e outras mudanças que apontariam não apenas aumento de vagas, mas uma reformulação de cursos importantes.

Curiosamente, o reitor afirmou que a USP não repassa conhecimentos, ainda que em alto nível. “A USP não é universidade de repassar conhecimentos a nível [sic] superior, mesmo que em nível alto. Ela é uma universidade de ponta e não pode obviamente criar cursos pura e simplesmente para fazer essa repetitividade. Daí por que se justificam essas vagas em cursos que são novidade e que contribuem também para o intuito da universidade de ser cada vez mais universidade de ponta”.

A entrevista do reitor está disponível na íntegra em http://goo.gl/ShL8K.

 

Informativo nº 349

EXPRESSO ADUSP


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