Diretoria
Nova diretoria toma posse
02/07/2015 10h15
A nova diretoria da Adusp, presidida pelo professor César Minto, tomou posse em 26/6, no auditório da Faculdade de Educação, para um mandato de dois anos. A mesa do evento (foto) foi composta pelos professores Ciro Correia e Francisco Miraglia, da gestão que se despedia; pelo presidente eleito, professor César Minto, que tomava posse para o mandato que se iniciaria em 1/7/2015; pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP); e por representantes de entidades: João Batista Gomes, secretário de políticas sociais da CUT-SP, Neusa Santana, diretora da Fasubra, Denise Rykala, diretora do Sinteps, professor João Chaves, presidente da Adunesp, professor Nilo Rodrigues, diretor da Adunicamp, Guilherme, diretor do DCE-Livre da USP, Reinaldo de Sousa, diretor do Sintusp.
Exclusão
O professor Ciro Correia, que presidiu a Adusp na gestão 2013-2015, lembrou em seu discurso de transmissão do cargo e de saudação à nova diretoria a conjuntura de dois anos antes — "grave cenário de exclusão das parcelas majoritárias da sociedade quanto aos direitos sociais básicos diante da crescente apropriação da estrutura do estado republicano por interesses particularistas" — e o quadro "não menos preocupante que se desenhava em relação às nossas instituições públicas de ensino superior sob constante ameaça, tanto por falta de financiamento adequado pelo Estado, quanto pela privatização interna e pelo controle exercido pelas agências financiadoras de pesquisa".
Quanto à USP, Ciro historiou os problemas e distorções com que se deparou, em 2013, a gestão por ele presidida: "não se admitem eleições ou consultas que efetivamente envolvam os docentes, funcionários e estudantes; a estrutura de poder se desfigura frente à presença desinibida de gestores das fundações privadas autodenominadas 'de apoio'; o fetiche da propalada 'excelência' e as últimas mudanças introduzidas na estrutura da carreira impõem a competição ao invés de favorecer a cooperação entre pares; cada vez mais, os ocupantes da Reitoria sentem-se à vontade para tratar questões reivindicatórias à base de repressão ao invés de diálogo e negociação", e outros.
"Passados dois anos e mesmo tendo em mente a tenacidade com a qual a Adusp e parte do corpo da universidade enfrentaram essas questões e aquelas que estavam por se colocar, como a gravidade da crise e dos crimes ambientais havidos — e ainda não solucionados — na EACH, esse quadro não melhorou. Lamentavelmente, agravou-se", frisou Ciro. "Nesse enfrentamento ganharam lugar de destaque os embates da greve de 2014, que além de vitoriosa na conquista de pautas específicas do movimento foi fundamental para desvelar o mesmo e velho caráter oligárquico da atual administração".
A tirania da atual gestão, denunciada, durante a greve, pelo então presidente da Adusp "revela-se cada vez mais destruidora ao incidir em questões fundamentais para a USP", por meio do PIDV e de ataques aos hospitais universitários. A instituição do GT Atividade Docente (e seus planos elaborados à revelia da comunidade) e a atuação da CERT solapam a relevância do RDIDP.
Ciro lembrou, ainda, que a gestão M.A. Zago-V. Agopyan silenciou, até aquela data, "quanto à proposição da pena simbólica de 30 dias de suspensão para o ex-diretor da EACH, comprovadamente um dos responsáveis pelo crime ambiental perpetrado contra aquele campus e sua comunidade".
Neoliberalismo
Ao tomar posse como presidente da nova diretoria, o professor César Minto, que atuou como vice-presidente na gestão anterior, assinalou que nas últimas décadas os movimentos sociais defrontaram-se com um inimigo poderoso: "em especial, a partir dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (FHC), os setores dominantes empreenderam […] uma reforma do Estado de cunho neoliberal, cuja principal conseqüência foi tornar estrutural a exclusão". A universidade pública não foi poupada.
"Uma vez adotada a 'administração pública gerencial [que] inspira-se na administração de empresas…'", conforme formulação do então ministro Bresser Pereira (1995), passou-se a estruturar, explicou César, "sob os signos da 'modernidade' e da 'governabilidade', um 'novo' Estado: mínimo, no que se refere aos anseios da maioria da sociedade e máximo, no que diz respeito aos interesses da elite predatória, brasileira e internacional".
Nesse contexto, certas reformas realizadas pelo governo federal têm sido muito prejudiciais à sociedade e às universidades públicas, que são "alvo de campanhas de descrédito, apontando-se para a sua privatização, em particular via incentivo às fundações de direito privado, ditas 'de apoio', falaciosamente consideradas como recurso para a melhoria de sua qualidade". A par disso, "a intensidade do nosso trabalho continua aumentando e os salários permanecem insatisfatórios".
Ao mesmo tempo, prosseguiu César, "o governo Alckmin tenta posar de bom-mocismo, mesmo exacerbando no trato de políticas neoliberais, encontrando nas autoridades universitárias constituídas uma subserviência oportuna".
O novo presidente da Adusp convocou a categoria a combater esse estado de coisas: "Para muitos colegas, a dificuldade de resistir a esse processo pretensamente inexorável induz a perspectiva de buscar saídas individuais, que além de não resolverem problemas estruturais, reforçam distorções contra as quais se faz necessário continuar a lutar". Sucessivas administrações universitárias "tudo fazem para que vingue tal modelo individualista, indutor de produtivismo a qualquer custo".
César explicou que a nova gestão considera fundamental a organização de todos os docentes para persistir na luta por uma universidade pública, gratuita e democrática; defender as nossas condições de vida e trabalho; promover propostas de interesse geral da sociedade.
"E não é demais registrar aqui o posicionamento cotidiano e firme da Adusp no duro embate entre Reitoria e corpo da universidade: criminalização do movimento social, desvinculação do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), estrangulamento do Hospital Universitário (HU), implantação do Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) sem nenhum estudo de impacto, entre tantos outros despropósitos".
Ele citou ainda as greves vitoriosas de 2000, 2004, 2007 e 2014, os embates contra as punições arbitrárias da CERT, a luta contra os contratos precários e a defesa de professores injustamente punidos como exemplos constantes e também recentes da atuação da Adusp.
As lutas contra as fundações privadas na USP e contra os cursos pagos permanecerão como eixos importantes de atuação. César destacou, ainda, a contribuição da Adusp à construção do PL 1.035/2015.
Por fim, mencionou a necessidade de fortalecer os laços de companheirismo, solidariedade e atuação conjunta na USP, de docentes, funcionários e estudantes. "Uma de nossas principais qualidades é a de persistir na luta pela utopia que defendemos — isso tudo nos é muito caro… continuaremos!"
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