Violência
Rede Não Cala manifesta indignação com caso do anestesista que estuprou paciente durante parto e reforça necessidade de debater violência sexual e de gênero
A Rede Não Cala de professoras e pesquisadoras da USP pelo fim da violência sexual e de gênero divulgou manifesto de perplexidade e indignação com o caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso em flagrante na madrugada desta segunda-feira (11/7) por cometer estupro durante a realização de uma cesárea no Hospital Estadual da Mulher, em São João de Meriti, no estado do Rio de Janeiro.
“Este triste e terrível episódio mostra a vulnerabilidade da condição feminina, inclusive em espaços de cuidado, como instituições de saúde. A vulnerabilidade compreende, também, qualquer pessoa que não seja capaz de oferecer resistência ao ato, como crianças com menos de 14 anos ou pessoas que tenham feito uso de substâncias psicoativas, que alteram o nível de consciência”, diz o texto.
A Rede lembra que “é preciso destacar que estupro está associado a outra violência obstétrica, o uso abusivo de medicamentos para sedação numa cesariana” e que “a sedação torna o corpo da mulher que vai ter um filho, um mero objeto, uma coisa a ser manipulada por possíveis agressores”.
Felizmente, aponta a nota, “as profissionais de enfermagem da instituição filmaram e denunciaram a ação de imediato, gerando um flagrante”. “O estupro desconsidera a condição de ser humano das mulheres. Nossa solidariedade a todas as mulheres que possam ter sido violadas por este homem que merece julgamento e punição exemplar.”
“Com tristeza, este episódio nos remete à constituição de nossa Rede, ligada ao histórico caso de um estudante de medicina da USP que dopou a colega e a estuprou, dentre outros de mesma natureza”, lamenta a nota. “Dopar uma mulher e tomá-la como coisa demonstra que o desrespeito aos limites dos corpos das mulheres é tamanho que alguns homens preferem dopá-las, ou ainda usar de força bruta para não ouvir um NÃO.”
O coletivo reforça a importância do debate sobre violência sexual e de gênero nas universidades, “pois a dificuldade das mulheres em realizar suas denúncias, mesmo quando se trata de um canal como a Rede é real”. “É preciso que a discussão sobre consentimento se faça presente. O homem precisa entender um NÃO”, prossegue o texto.
“Nós mulheres não temos tranquilidade: quando parindo nossos filhos, andando pela rua, em ônibus e metrôs, dentro de espaços supostamente protegidos como hospitais, ambientes profissionais e casas. Manifestamos assim nossa perplexidade e indignação.” (acesse aqui a íntegra do texto em PDF)
Leia a íntegra da nota da Rede Não Cala
“A Rede Não Cala de professoras e pesquisadoras da USP pelo fim da violência sexual e de gênero vem a público manifestar sua perplexidade e indignação com o caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra que foi preso em flagrante na madrugada de 11 de Julho, por cometer estupro durante a realização de uma cesárea, da qual participava como anestesista, no Hospital Estadual da Mulher, em São João de Meriti, no estado do Rio de Janeiro.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- GT da Câmara dos Deputados oficializa proposta de reforma administrativa reducionista, que institui “avaliação de desempenho” e no mínimo 20 níveis de progressão na carreira
- Bancada governista na Alesp pretende votar na próxima semana PLC 9/2025, que desfigura carreira de pesquisador científico; em audiência pública, APqC volta a defender rejeição da proposta
- Vereador propõe que reitor e autoridades do estado se comprometam a manter em atividade escolas e posto de saúde ameaçados pela expansão do Butantan; barulho dos equipamentos segue atormentando a população
- Nesta quarta, 8 de outubro, União entrega certidões de óbito retificadas às famílias de mais de 100 militantes de esquerda assassinados(as) pela Ditadura Militar, sendo que 29 eram discentes ou docentes da USP
- Conselho Universitário vai debater na terça-feira (15/10) concessão do “Prêmio Desempenho Acadêmico”, em três parcelas de R$ 3 mil, e valores para progressão na carreira dos(as) funcionários(as)