Conjuntura Política
Na Esalq, entidades lançam “Frente de Defesa da Democracia Luiz Hirata”

“Manifestamos nosso apoio às demandas crescentes de destituição de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão”, diz manifesto divulgado em 8/6, assinado pela Adusp Piracicaba, Sintusp, DCE e APG Esalq. “Os motivos para o impeachment são incontáveis”
Ao lado das entidades representativas de funcionários e estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a Regional Piracicaba da Associação dos Docentes da USP (Adusp) vem participando ativamente de discussões a respeito da gravíssima crise que o país vem enfrentando. Esse debate levou os participantes a lançarem uma frente em defesa da democracia, cujo manifesto, divulgado em 8/6, repudia os ataques ao Congresso Nacional e ao STF, denuncia as “tendências fascistas” do governo Bolsonaro e anuncia apoio aos pedidos de impeachment e destituição do presidente e do vice-presidente da República em razão dos crimes de responsabilidade cometidos.
“O quadro político e social atual exige posicionamentos incisivos em favor da democracia. Os ataques autoritários da Presidência da República contra as instituições e liberdades democráticas merecem total repúdio daqueles que acreditam que a intensificação democrática é a melhor maneira de tratar de nossos graves problemas”, diz o manifesto da “Frente de Defesa da Democracia Luiz Hirata”, assinado pela Adusp de Piracicaba, Associação dos Pós-Graduandos da Esalq, Diretório Central dos Estudantes (DCE Livre) “Alexandre Vannucchi Leme” e Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp). Confira abaixo a íntegra do documento.
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“Revelados em inúmeros pronunciamentos públicos, os sonhos totalitários do chefe do executivo nacional, contando com apoio de uma minoria lunática e reacionária, são acompanhados frequentemente de menções vangloriosas da ditadura militar de 1964-1984, distorcendo a história e fabricando falsidades”, continua o manifesto. “É por esta razão que nossa frente em defesa da democracia de organizações representativas de funcionárias/os, estudantes e professoras/es da Esalq decidiu homenagear Luiz Hirata. Trata-se de uma das inúmeras vítimas da ditadura militar: estudante da Esalq, precisou abandonar sua formatura em 1968 pela perseguição dos aparelhos de repressão ditatorial. Em seguida, foi torturado e assassinado em 1971 no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) da capital paulista”.
Ao mesmo tempo em que busca recuperar a verdade das atrocidades ocorridas no período ditatorial, na contramão dos discursos que as negam ou até as glorificam, o documento da Frente Luiz Hirata identifica conexões entre aquele regime político e os atuais governantes do país: “Em 2021, nossa Frente Democrática prepara um importante evento no cinquentenário deste assassinato para reavivar a memória destes anos trágicos da ditadura militar. Com este propósito, desde já nos unimos às muitas organizações da sociedade civil que se mobilizam pela defesa da democracia e contra as tendências fascistas dos atuais ocupantes do poder executivo central. Nesta linha, manifestamos nosso apoio às demandas crescentes de destituição de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão”.
Entre os motivos para o impeachment, o manifesto destaca a utilização de notícias falsas no processo eleitoral de 2018: “A eleição da chapa Bolsonaro e Mourão foi impulsionada por uma máquina de difusão massiva de fake news, entorpecendo a/os eleitora/es com um discurso fascista e preconceituoso, com grande incentivo à violência. A narrativa de sua campanha eleitoral distorceu a realidade, levando a população a um processo corrosivo de apagão mental”.
Na avaliação dos signatários, os crimes de responsabilidade de Jair Bolsonaro são “cotidianos” e envolvem tentativas de interferir na Polícia Federal para proteger sua família e seus correligionários; desmantelamento de órgãos públicos de monitoramento e fiscalização, como INPE e Ibama; incentivo ao armamento da população e à violência policial, que “revela antes de tudo seu intento de fortalecer milícias paramilitares que possam assegurar seus ímpetos autoritários”; seus ataques à educação e à ciência.
“A gestão desastrosa da maior crise sanitária em pelo menos 100 anos revela total insensibilidade com a população brasileira, particularmente com os grupos mais vulneráveis, como idosos, povos indígenas e comunidades quilombolas”, afirma ainda o manifesto no tocante à Covid-19. “Portanto, a atual gestão presidencial já ultrapassou em muito o descalabro que poderia ser suportável. Basta de Bolsonaro e Mourão. Não à ditadura e ao autoritarismo. Viva a democracia!!!!”
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