Conjuntura Política
Participação estudantil impulsionou rodada de protestos contra governo Bolsonaro em 18/10
Os protestos contra o governo Bolsonaro-Mourão realizados na terça-feira (18/10) na capital paulista e em diversas cidades do interior do Estado e do Brasil contaram com participação alegre e massiva de estudantes, que saíram às ruas para protestar contra o novo corte de quase R$ 3 bilhões nas verbas da educação, mesmo depois que o Ministério da Educação anunciou a decisão governamental de voltar atrás no confisco.
A manifestação em São Paulo, liderada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), teve início por volta das 17h no MASP. O(a)s estudantes portavam cartazes improvisados com dizeres como “Conhecimento não se corta”, “Auxílio não é luxo, é necessidade”, “Me livro de armas, me armo de livros”, ou ainda “O governo quer derrubar a educação porque ela derruba o governo”. Mais tarde, saíram em passeata pela Avenida Paulista, descendo a rua Augusta até a Praça Roosevelt. Juntaram-se a eles a deputada federal reeleita Sâmia Bonfim (PSOL), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) e o deputado estadual eleito Eduardo Suplicy (PT).
Em Ribeirão Preto, pela manhã, centenas de estudantes, além de funcionário(a)s técnico-administrativo(a)s e docentes, saíram em marcha do campus da USP até a região central da cidade, portando uma grande faixa “Bolsonaro genocida” e entoando “Fora Bolsonaro!” ao longo de cinco quilômetros. O(a)s manifestantes levavam ainda cartazes e faixas de repúdio aos cortes de verbas da educação e ao neofascismo representado por Bolsonaro e Tarcísio de Freitas e outras em apoio a Lula e Haddad.
Nos discursos, além dos temas nacionais, citaram a ocupação do Bloco Didático da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), ocorrida na véspera, em protesto contra a falta de docentes nos cursos de Pedagogia e Biblioteconomia da unidade. O ato público foi realizado na Esplanada do Teatro D. Pedro II. A Adusp esteve representada por sua 1ª vice-presidenta, professora Annie Schmaltz Hsiou.
Em São Carlos, as entidades organizadoras precisaram mudar o local do evento depois que o juiz Paulo Cesar Scanavez, da 1ª Vara de Família e Sucessões, atendeu a uma representação do promotor de justiça Sérgio Domingos de Oliveira, da 121ª Zona Eleitoral, e intimou a Prefeitura do Campus da USP a impedir a concentração de manifestantes no Palquinho do CAASO, como inicialmente previsto, “sob pena de caracterizar grave violação à norma eleitoral”.
Mesmo assim a manifestação foi um sucesso, reunindo milhares de estudantes da USP e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que saíram em marcha pelo centro da cidade. “Foi muito bom o ato. Só não foi maior porque a UFSCar está em recesso. Muito potente!”, avalia o professor Marcelo Zaiat, diretor regional da Adusp.
Também em Piracicaba houve marchas de estudantes pelas ruas da cidade, a partir do campus da USP e do campus Piracicaba do Instituto Federal de Ensino. Portavam bandeiras da UNE e da União Estadual dos Estudantes (UEE). De acordo com o portal G1, estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e do IFSP-Piracicaba “saíram de seus pontos de encontro em cada unidade e seguiram em marcha até a Praça do Terminal Central”, por volta das 15h30. “A Polícia Militar acompanhou”. Percorreram diversas vias até chegarem à Praça José Bonifácio, onde ocorreu o ato.
“A manifestação em Piracicaba revelou muito ânimo dos estudantes visando alterar o quadro de descaso e descompromisso com a educação por parte do atual governo. O slogan de uma das faixas é representativo deste estado de espírito: ‘a força do povo é a educação pública’”, comenta o professor Paulo Moruzzi Marques, diretor regional da Adusp.
Em Campinas, um ato organizado pelo Fórum das Seis na Unicamp, como parte da campanha salarial da data-base 2022, foi realizado pela manhã com expressiva participação das categorias. Estudantes indígenas apresentaram danças e representações teatrais. À tarde o reitor Tom Zé, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), recebeu uma delegação do Fórum das Seis (depois de meses de pressão), mas se comportou de modo arrogante.
Também houve manifestações em Pirassununga e Bauru.
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