Passeata e ato contra presença da PM na USP reúne 5 mil

Manifestação na rua

Fotos: Daniel Garcia

Na tarde de 18/6, a Avenida Paulista e o Largo São Francisco foram palco de grande manifestação pública. Professores, funcionários e estudantes das três universidades estaduais paulistas reuniram-se, em ato promovido pelo Fórum das Seis, para repudiar a presença da PM na Cidade Universitária e lutar por uma universidade livre e democrática.

Em concentração no vão livre do Masp para a saída em passeata, os cerca de 5 mil manifestantes prepararam suas faixas e ensaiaram palavras de ordem. Também ali, a Adusp distribuiu 3 mil gérberas, plaquetas e adesivos que diziam “PM na USP, nunca mais!” e “Fora Suely! Democracia já”.

A PM acompanhou toda a passeata, que desceu a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e chegou ao Largo São Francisco aproximadamente às 15 horas. Não houve incidentes entre os manifestantes e a PM. Cartas produzidas pelas entidades (Adusp, Sintusp e DCE da USP) e pelo Fórum das Seis foram distribuídas à população, explicando os motivos do ato público e as reivindicações das categorias.

Portas fechadas

Na chegada ao Largo São Francisco, uma surpresa: a Faculdade de Direito (FD) estava de portas fechadas, por ordem de seu diretor, o professor João Grandino Rodas, pré-candidato à Reitoria.

O Largo foi ocupado pelos manifestantes, aos quais se uniram estudantes e professores da FD. Várias faixas, como “Rodas também faz piquete!”, estamparam a arquitetura do prédio em repúdio às práticas antidemocráticas do diretor da unidade e da reitora Suely Vilela.

Sobre o carro de som, os professores Marcus Orione e Jorge Luiz Souto Maior, da FD, pediram desculpas pela recepção dada pela unidade ao ato. “Sou professor dessa faculdade e hoje estou extremamente envergonhado”, lamentou Orione. Para ele, Rodas “só faz o que sabe fazer: usar o direito como forma de repressão”. Souto Maior, por sua vez, definiu: “A democracia não se fala. Se faz. E a democracia se faz assim [referindo-se ao ato]. Ensinamos aos nossos alunos direito e democracia. Hoje infelizmente a democracia está do lado de fora da Faculdade de Direito”.

Fábio Konder Comparato, professor aposentado pela mesma FD, também criticou a atitude de Rodas: “A quem pertence a universidade pública? Pertence ao Governador? Pertence ao Estado? Não. A universidade pública pertence ao povo. Ela não pode fechar as portas para o povo. Agora quem fecha a Faculdade de Direito ao povo é o diretor”.

O professor defendeu a saída da reitora Suely Vilela: “A universidade é o conjunto das categorias. O reitor da universidade é representante da comunidade; ele deve ser eleito. Quando perde a confiança da comunidade, ele deve ser destituído. É esse o caminho. Temos que transformar essa universidade”.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) iniciou sua fala fazendo um desagravo ao professor Antonio Candido, atacado por editorial do jornal O Estado de S. Paulo por sua participação e declarações no ato de 16/6. “A Reitora chamou a PM. Não é possível aceitar isso. Quem dirige o Largo São Francisco é o mesmo diretor que convocou a PM para reprimir o MST na calada da noite e se anuncia como candidato a reitor”, denunciou Valente. Ele se congratulou com os manifestantes: “Aqui não tem uma minoria! Aqui tem quem participa de movimento, delibera e decide”. Também expressaram seu apoio o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL-SP) e o vereador Antonio Donato (PT-SP).

Política deliberada

“A professora Suely e o diretor da Faculdade de Direito inventaram uma novo jeito de administrar a universidade”, avaliou o presidente da Adusp, professor Otaviano Helene, referindo-se à intervenção policial na USP. “Parece que a universidade não precisa de reitora, precisa de PM; que a Faculdade de Direito não precisa de diretor, precisa de PM. Pessoas que chamam a polícia para dialogar não podem ocupar esses cargos”, disse Otaviano. O presidente da Adusp criticou a política deliberada do governo Serra de incentivo ao ensino privado, pois só 10% dos estudantes do ensino superior estão nas instituições públicas: “É preciso lutar pela expansão do ensino público em São Paulo”.

O coordenador do Fórum das Seis, João da Costa Chaves, presidente da Adunesp, repudiou a ação policial no campus, que viu como uma “demonstração cabal da incompetência da Reitora da USP e do Cruesp para negociar”. “A Apeoesp cerra fileiras com vocês. A educação nesse Estado não admite truculência do governo”, manifestou Roberto Guido, representante da Apeoesp-Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

Ciro Correia, presidente do Andes-SN, relacionou a política de Suely Vilela e Grandino Rodas à onda de repressão ao movimento contra o Reuni (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) nas universidades federais: “A gente vê, ao longo de 2007 e 2008, que foram as reitorias das universidades federais que chamaram as PMs pelo Brasil inteiro para impor o Reuni”. Correia manifestou também “o mais veemente repúdio” a esse tipo de ação.

Também compareceram as seguintes entidades: DCE da UFRJ, DCE da UFMG, Confederação dos Trabalhadores do Brasil, Fasubra, CUT-SP, Intersindical, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Conlutas, UNE, Sindisprev e ANEL.

 

Matéria publicada no Informativo nº 286

EXPRESSO ADUSP


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