O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou em 4/12 a suspensão da “reorganização” escolar em ciclos de ensino. O anúncio foi feito em coletiva no Palácio dos Bandeirantes. O secretário de Educação, Herman Voorwald, apresentou pedido de demissão, aceito por Alckmin. Segundo reportagem veiculada no portal Estadão, a saída decorre da avaliação de que Voorwald não soube conduzir a discussão do projeto, que “acabou se transformando no maior desgaste político do governador em 2015”.

Alckmin afirmou que os estudantes continuarão nas escolas em que já estudam, e que os debates sobre a reorganização ocorrerão em 2016: “Recebi e respeito a mensagem dos estudantes e seus familiares em relação à reorganização. Por isso decidimos adiar a reorganização e rediscuti-la escola por escola”.

A verdade, porém, é que o recuo do governador se deu após a repercussão extremamente negativa dos diversos episódios em que a PM usou de violência contra os protestos dos estudantes. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em 4/12 aponta expressiva (e inédita) queda de popularidade de Alckmin.

Vinte dias após início das ocupações, o movimento estudantil passou a bloquear ruas e avenidas em diferentes pontos da capital paulista. Policiais militares agrediram os jovens envolvidos e houve detenções. Foram 208 escolas e duas diretorias de ensino ocupadas, segun­do levantamento da Apeoesp.

Vazamento

As interdições de vias ocorreram após vazamento de gravação de reunião realizada no dia 29/11, entre o chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação (SEE), Fernando Padula Novaes, e dirigentes de ensino. O áudio registra momentos em que Padula fala em “isolar” e “desmoralizar” o movimento dos estudantes, por meio da organização de “ações de guerra”.

A primeira das “ações de guerra” foi a publicação, em 1/12, de decreto de Alckmin que autoriza a SEE a transferir professores ou funcionários, quando as escolas estaduais deixarem de atender um ou mais ciclos de ensino, ou quando passarem a atender novos ciclos.

Em 3/12, o Ministério Público Estadual (MPE) e a Defensoria Pública do Estado anunciaram o ajuizamento de uma ação civil pública que pede a suspensão da reorganização escolar.

O professor João Zanetic, membro do_Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) da_Adusp, considera que os pretendidos fechamentos das escolas decorreriam “da diminuição de recursos que o governo aplica em educação” e que o governo “não apresentou justificativas pedagógicas para o_estabelecimento de ‘ciclos’ únicos nas escolas”.

Informativo nº 412

EXPRESSO ADUSP


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