Um grupo de docentes da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP) enviou carta à Diretoria da Adusp, por meio da qual contestam o teor da matéria publicada no Informativo Adusp 384 (e também no site da entidade), intitulada “Quem elegeu Boueri foi a EACH, diz Saldiva, portanto ‘quem tem de resolver o problema é a própria EACH’”. No entender dos professores, a matéria deu tratamento enviesado ao seminário “Contaminantes ambientais, Risco à Saúde e a Biorremediação: o caso do campus da EACH”, ao qual eles estiveram presentes.

“O evento tinha como finalidade apresentar e discutir aspectos técnico/científicos relacionados ao problema do gás metano no subsolo e à presença de contaminantes no solo no campus da EACH, motivo pelo qual foram convidados para o debate especialistas de diferentes áreas do conhecimento. Contudo, observamos que a matéria publicada evidencia, nitidamente, as intervenções de um dos palestrantes, o professor Paulo Saldiva (Faculdade de Medicina da USP), e destaca pontos desta exposição, extraindo algumas afirmações do contexto da discussão”.

Como exemplo dessa avaliação, os docentes signatários da carta assinalam que Saldiva, “especialista de reputação internacional em poluição urbana e avaliação de risco, é apresentado na matéria simplesmente como representante da Reitoria”, e que “não somente algumas informações importantes trazidas para o seminário deixaram de ser veiculadas, como todas as outras contribuições receberam escassa atenção e foram relatadas de forma enviesada”.

Após citar vários exemplos de informações prestadas no seminário que não foram incluídas no texto, o grupo de docentes manifesta “a impressão de que o propósito da matéria não tenha sido o de relatar objetivamente o evento”, pois a matéria publicada “distorce a situação real ambiental do campus e desvaloriza os resultados que vêm sendo obtidos para corrigir os problemas e recuperar o espaço de trabalho de quase 300 professores, mais de 4 mil alunos e cerca de 260 funcionários”.
Confira a íntegra da carta, assinada por Andrea Cavicchioli, Anna Karenina Martins, Felipe Chambergo, Graziela Perosa, Valéria Magalhães e Viviane Abreu Nunes, todos da EACH, e também por Adalgiza Fornaro, do IAG-USP.

Nota da Redação. O texto “Quem elegeu Boueri foi a EACH, diz Saldiva, portanto ‘quem tem de resolver o problema é a própria EACH’” destina-se a examinar o papel político desempenhado pelo professor da Medicina no seminário em questão. Como presidente da comissão ad hoc criada pela Reitoria para acompanhar a crise ambiental da unidade e sugerir providências, ele não estava ali por sua reputação internacional, mas por seu papel institucional e por haver apresentado propostas que inspiraram claramente o projeto de pesquisa apresentado, na ocasião, pela vice-diretora da EACH.

Ademais, a área na qual o professor Paulo Saldiva notabilizou-se é a de poluição ambiental, que diz respeito apenas parcialmente aos problemas vividos pelo campus leste da USP. Por outro lado, o parecer da comissão por ele presidida, bem como suas declarações recentes, demonstram o mesmo notável desrespeito às preocupações da comunidade (e à sua história de lutas) verificado no comportamento irresponsável de outros dirigentes da USP encarregados das questões da EACH, como o professor Osvaldo Nakao e o próprio reitor.

Note-se, ainda, que em momento algum a comissão ad hoc assessora do reitor buscou a interlocução com membros da Comissão Ambiental e do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) da EACH. 

EXPRESSO ADUSP


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