Defesa da Universidade
Reitoria alardeia no “Jornal da USP” edital de apoio à pesquisa que beneficiará no máximo 13 docentes
Aproxima-se o final da gestão Vahan Agopyan-Antonio Carlos Hernandes. Talvez por preocupação com o processo sucessório, nos últimos meses a Reitoria tem adotado a prática de responder indiretamente às críticas feitas a determinadas políticas ou projetos da atual gestão. Na recente eleição da Unicamp, a derrota do candidato preferido do então reitor Marcelo Knobel, e a subsequente vitória de um candidato que parece fugir do script neoliberal, sugerem que se acenderam luzes vermelhas no gabinete de Agopyan.
A matéria “USP irá financiar projetos de pesquisa de professores recém-contratados”, publicada em 30/4 no Jornal da USP, enquadra-se aparentemente nesse esforço propagandístico da Reitoria. A iniciativa retratada no texto é o chamado “Programa de Apoio à Formação de uma Infraestrutura Institucional de Pesquisa aos Novos Docentes”, a cargo da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) e que prevê um auxílio de R$ 15 mil a docentes em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP) que tenham ingressado na USP em 6/9/2020.
Esse programa da PRP foi objeto de reportagem recente do Informativo Adusp, que demonstrou que ele terá um impacto irrelevante em termos numéricos uma vez que, em decorrência da política de contratações “a conta-gotas” adotada pela própria Reitoria, o número mais provável de possíveis beneficiários do edital 2021 é de exatos 13 docentes. O Informativo Adusp apontou, ainda, que a verba individual de R$ 15 mil é, no mínimo, insuficiente para os fins a que se propõe o programa.
A matéria do Jornal da USP mobilizou o pró-reitor Sylvio Accioly Canuto para lembrar que o programa “existiu no passado, mas foi descontinuado”, e para celebrar o suposto êxito da iniciativa: “Em 2018, restabelecemos esse apoio e, com esse quarto edital, atendemos a todos aqueles contratados durante os quatro anos desta gestão reitoral. Na verdade, conseguimos até retroceder em dois anos e apoiar os novos contratados desde 2016”. Seria muito interessante que Canuto revelasse números concretos, para que se possa saber quantos docentes realmente foram beneficiados com esse auxílio de 2018 até os dias de hoje.
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