Defesa da Universidade
Professores defendem reativação da Comissão Interunidades das Licenciaturas
Instância que reunia representantes dos cursos não é mais convocada desde 2015. Em encontro com pró-reitor de Graduação na Faculdade de Educação, docentes de várias unidades reafirmaram a importância da comissão
A importância da reativação da Comissão Interunidades das Licenciaturas (CIL) da USP foi um dos principais aspectos destacados por professores de várias unidades que participaram de uma reunião com a presença do pró-reitor de Graduação da USP, professor Edmund Baracat, no dia 8/11, na Faculdade de Educação (FE).
A CIL foi criada em 2005, cumprindo exigência do Programa de Formação de Professores da USP, estabelecido no ano anterior, e funcionava como um centro articulador da política de formação de professores da universidade, integrando os coordenadores de cursos de licenciatura das unidades. O órgão não foi formalmente extinto, mas suas reuniões deixaram de ser convocadas a partir de 2015.
É um espaço que faz falta, aponta o professor Marcos Neira, diretor da FE. “A CIL acumulou conhecimento sobre a formação de professores. Para muitos docentes, foi uma primeira experiência de interação com colegas de outras unidades que tratam dessa mesma problemática”, diz.
A partir da adoção do programa, em 2004, parte dessa formação passou a ser partilhada entre as unidades de origem dos alunos e a FE. Por isso, defende Neira, é importante que os professores da FE e das demais unidades voltem a se reunir para discutir aspectos específicos dos seus cursos e da política de formação de professores de maneira geral.
“O grande papel da CIL era garantir essa coesão de projetos, fazendo com que as licenciaturas fossem debatidas e analisadas num colegiado específico — algo que não acontece no Conselho de Graduação (CoG), por exemplo, porque este inclui também os bacharelados”, aponta. “A USP precisa ter uma concepção amadurecida e sintonizada com as demandas da sociedade contemporânea no que diz respeito à formação de professores, sobretudo no momento atual, em que o tema tem tanta importância. A CIL é esse lugar. Não é necessário ter exatamente esse nome, mas precisamos de um colegiado que reúna os coordenadores de cursos das licenciaturas”.
A definição da CIL apresentada no site da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) diz que o principal objetivo do órgão “é a proposição de mecanismos permanentes de diálogo, experimentação de renovação de práticas e formas de organização das licenciaturas”. “Seu resultado final”, prossegue o texto, “mais do que sugerir um caminho fixo e definitivo, procura estabelecer as bases para que a Universidade de São Paulo possa ter na formação de professores e no compromisso com a melhoria do ensino público uma preocupação constante e uma ação integrada e renovadora”.
Comissão cumpriu papel de diálogo com CEE
A CIL cumpriu papéis para além da própria USP. Exemplo disso foi o trabalho realizado a partir da publicação da deliberação 111 do Conselho Estadual de Educação (CEE), em 2012, que suscitava uma série de mudanças nos cursos de licenciatura. “A CIL teve um papel muito importante nessa ocasião, porque por meio dela se constituiu um fórum de cursos de licenciatura da USP, Unesp e Unicamp. A comissão assumiu a responsabilidade de discutir a formação de professores no âmbito das universidades estaduais paulistas e promoveu várias conversas com o CEE”, relata Meira. Como resultado dessas discussões, o conselho posteriormente publicou deliberação incorporando de alguma forma sugestões apresentadas nesses diálogos.
Mais recentemente, porém, uma nova deliberação do conselho (154, de 2017) fez com que várias coordenações de curso passassem a dialogar individualmente com o CEE, o que a CIL poderia ter evitado, diz Neira. “A FE se tornou um lugar a que todas as coordenações começaram a recorrer para discutir a formação de professores, porque afinal de contas essa instância, que era a CIL, deixou de existir. Seria melhor se estivéssemos todos juntos pensando de forma articulada”, defende.
Essa situação motivou o agendamento de uma reunião no dia 28/11 em que Neira, a coordenadora dos cursos de licenciaturas da FE, professora Cláudia Galian, e a presidenta da Comissão de Graduação da unidade, professora Rosângela Prieto, expuseram a conselheiras do CEE o funcionamento e a organização dos cursos de licenciatura da USP. “Tivemos uma conversa promissora com o conselho e acreditamos que todos os cursos de licenciatura da universidade poderão responder de uma mesma maneira a algumas das exigências da deliberação”, afirma o diretor.
Cursos sofrem com a não contratação de docentes
Os participantes da reunião com o pró-reitor na FE no dia 8/11 também reafirmaram o papel da unidade na formação de professores e salientaram que os cursos de licenciatura da USP têm sofrido muito com a não contratação de docentes.
“Além da nossa comunidade, coordenadores e coordenadoras de cursos de licenciatura de várias unidades compareceram. Temos a impressão de que isso sensibilizou a Pró-Reitoria para a importância da CIL”, diz Neira. “Os participantes ficaram muito bem impressionados com a vinda do professor Baracat. Ele ouviu nossas demandas, entendeu bem o papel dessa instância e saiu com o compromisso de pensar sobre o tema.”
O Informativo Adusp entrou em contato com a PRG para ouvir o professor Baracat a respeito da reunião e da possibilidade de uma eventual retomada da CIL, mas não obteve retorno.
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