Desigualdades raciais
Proibido de comparecer ao Co, movimento negro protesta diante da Reitoria
Sem sequer apresentar justificativas, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Jr. decidiu vetar a participação do Núcleo de Consciência Negra (NCN), uma das mais antigas organizações da sociedade civil da universidade, na reunião extraordinária do Conselho Universitário (Co) realizada nesta segunda-feira (22/5), que decidiu adotar um modelo de cotas para docentes pretos, pardos e indígenas (PPI) muito limitado e que não atende às reivindicações de docentes negros e negras da universidade e de outros grupos do movimento negro.
O NCN havia solicitado, por meio de ofício encaminhado em 19/5, “autorização para participação nesta sessão para que possamos apresentar aos conselheiros os acúmulos do movimento negro universitário acerca do tema”. A Reitoria limitou-se a responder que “não será possível a participação da representação do Núcleo”.
A postura aristocrática e elitista do reitor foi alvo de críticas dentro da Reitoria, no salão do Co, e fora dela, diante das grades que cercam o prédio. Manifestantes ligados ao NCN, ao Grupo de Docentes Negras e Negros da USP, ao Movimento Negro Unificado (MNU), ao Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), à Adusp e ao Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) expressaram suas críticas ao arremedo de sistema de cotas proposto pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) e que o Co aprovou apesar de duras críticas, advertências e ponderações.
Entre esses manifestantes encontravam-se lideranças históricas do movimento negro, como Regina Santos e Milton Barbosa, e jovens estudantes que manifestaram sua indignação com a atitude da Reitoria, ambivalente e avessa ao diálogo com os movimentos sociais apesar do discurso mudancista e de apoio à diversidade.
Na verdade, o máximo de interlocução que se obteve, ao menos durante o protesto realizado durante a reunião do Co, foi a conversa mantida entre uma delegação escolhida pelos manifestantes e o coordenador-executivo do Gabinete do Reitor, Edmilson Dias de Freitas, que vem sendo escalado para o papel de mediador.
Mesmo assim, a proposta dos manifestantes de que uma representação composta pelo professor Dennis Oliveira (ECA), membro do Grupo de Docentes Negros e Negras da USP, Regina Santos, coordenadora do MNU, e Malu Nogueira do NCN pudesse assistir à reunião do Co como observadora foi igualmente rejeitada. A alegação de Freitas foi de que participações externas viriam a ferir o “rito que é seguido em todas as reuniões” do Co, uma vez que a participação no colegiado “vem das representações que têm assento” nele.
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