Meio ambiente
SOS Butantan realiza plenária nesta terça (1º/7) para discutir próximas ações, após aprovação em primeiro turno de projeto que permite construção de prédios de até 48 m de altura na área do instituto

O Movimento SOS Instituto Butantan realiza nesta terça-feira (1/7) uma plenária para discutir os próximos passos da mobilização contra o desmatamento e o projeto de construção de fábricas na área do instituto. A reunião ocorre a partir das 18h30 na Arco Escola-Cooperativa (rua Corinto, 652, Vila Indiana).
Entre outros pontos, o movimento deve discutir a sua estratégia para as duas audiências públicas que a Câmara Municipal de São Paulo deve realizar ainda em julho para debater o Projeto de Lei (PL) 691/2025, que foi aprovado em primeira votação no dia 25 de junho por 33 votos favoráveis, seis contrários e oito abstenções. O segundo turno de votação deve ocorrer no segundo semestre, depois da realização das audiências públicas.
O projeto, encaminhado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), cria as Zonas de Ocupação Especial do Butantã e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), áreas inseridas no Plano de Intervenção Urbana (PIU) Arco Pinheiros, em vigor na capital desde o fim de 2024.
Entre as mudanças, o PL 691 permite o aumento do gabarito de construção de 28 metros para até 48 metros. O Butantan quer a alteração para instalar novas fábricas de vacinas na área, que é tombada dede 1981 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Para levar a cabo essas e outras intervenções do seu plano de expansão, algumas já em andamento, o Butantan pretende derrubar quase 7 mil árvores.
O funcionamento de novos equipamentos causa barulho incessante na região, o que tem provocado problemas de saúde em moradores(as) da vizinhança.
Representantes do movimento expõem reivindicações a vereadores(as)
Representantes do movimento expuseram algumas das demandas do movimento numa sessão do projeto Câmara na Rua realizada no último sábado (28 de junho) no Centro Educacional Unificado (CEU) Uirapuru, no Jardim João XXIII, com a presença de vereadores(as) de diversas bancadas. A sessão foi presidida pelo vereador Thammy Miranda (PSD), relator do PL 691 na Casa.
Todos(as) os(as) representantes reforçaram mais uma vez que o movimento não é contrário à produção de vacinas, mas defende a construção das fábricas em local mais apropriado, e não em meio a uma zona residencial densamente povoada, como a do Butantã.
Moradora da região, Patrícia Coelho ressaltou que as fábricas têm potencial de risco biológico de moderado a alto. “Vocês gostariam de morar ao lado de uma fábrica com risco biológico alto?”, questionou.
“Existem lugares mais apropriados. O próprio instituto possui um terreno em Araçariguama onde já existem outras fábricas do setor farmacêutico”, prosseguiu.
Patrícia também enfatizou que a Fundação Butantan, entidade privada criada em 1989 para servir como organização “de apoio” ao instituto público, “está usando toda a história e todo o legado do Butantan para viabilizar essa ferida que não é só a derrubada de sete mil árvores; esse é só o começo”. “Por favor, observem o PL e ouçam a população”, disse, dirigindo-se ao grupo de vereadores(as) presentes.
Vale lembrar que a relação entre a fundação e o instituto foi descrita como “rigorosamente confusa” pelo procurador José Mendes Neto, do Ministério Público de Contas (MPC), em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no final de 2024. “É uma mistura entre o público e o privado em que não se sabe onde começa o público e onde termina o privado”, definiu o procurador.
Outras manifestações na reunião do projeto Câmara na Rua reforçaram as preocupações dos(as) moradores com as consequências da expansão do Butantan. Eleni Rocha, que integra o Coletivo Jurubatuba Mirim, afirmou que “ali não é lugar para uma indústria farmacêutica lucrar” e que o instituto possui “um patrimônio histórico a ser preservado, que não pode ser destruído por uma indústria farmacêutica”. “Somos a favor das vacinas, da saúde, do SUS, mas ali não é o local. Há muitos outros lugares para expandir mais adequadamente a produção de vacinas”, apontou.
Catarina Gonçalves da Silva disse que “o movimento quer um esclarecimento do Butantan de como serão essas obras e do que está acontecendo, porque nós não sabemos”. “Há pessoas há três meses sem dormir por causa do barulho dos geradores”, ressaltou.
Em meados de junho, dias depois de uma reunião entre representantes do movimento e o diretor do Butantan, Esper Kallás, docente da Faculdade de Medicina (FM) da USP, a Diretoria do instituto encaminhou mensagem ao vereador Nabil Bonduki (PT), docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que também participou da reunião, na qual relata providências para a “mitigação do ruído proveniente do novo Biotério”.
Entre as providências está a contratação, prevista para ocorrer até esta segunda-feira (30 de junho), de empresa especializada em medições acústicas para identificação das fontes geradoras de ruído, “com emissão do relatório em até 40 dias após o início dos serviços”. Outra providência anunciada é a “execução de barreira acústica projetada pela equipe interna do Butantan”, com prazo de execução previsto em 120 dias.
Fortaleça o seu sindicato. Preencha uma ficha de filiação, aqui!
Mais Lidas
- Investigação da Receita Federal conclui que a Fundação Faculdade de Medicina remunera dirigentes, e aponta fraude tributária; entidade perde condição de “filantrópica” e recorre
- Embora parado na Alesp, projeto de lei 770/2021, que propõe criar “Fundação Pró-Iamspe”, causa alarme no funcionalismo público estadual
- SOS Butantan procura vereadores(as) para tentar barrar projeto que autoriza construção de edifícios na área do instituto; poluição sonora adoece moradores(as) da vizinhança
- Duas decisões judiciais suspendem contratação de PMs da reserva para monitores das escolas “cívico-militares” de Tarcísio e Feder
- Projeto que restitui contagem de tempo da pandemia para o funcionalismo entra na pauta da Câmara dos Deputados e pode ser votado na próxima semana