Paralisação de estudantes por contratação de docentes e permanência cresce em toda a USP, e obriga Reitoria a abrir mesa de negociação
Estudantes realizaram manifestação em frente à Reitoria e saíram em caminhada pela Cidade Universitária (foto: Daniel Garcia)

Em meio a uma grande manifestação estudantil em frente à Reitoria da USP, nesta quinta-feira (21/9), representantes do DCE-Livre “Alexandre Vannucchi Leme” e de centros acadêmicos de alguns cursos da USP foram recebidos pelo mais alto escalão da Administração para apresentar suas reivindicações quanto à contratação de docentes e à política de permanência estudantil, eixos centrais da greve discente iniciada nesta semana.

Por parte da Reitoria, estavam presentes o reitor Carlos Gilberto Carlotti Jr., a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, a pró-reitora de Inclusão e Pertencimento, Ana Lucia Duarte Lanna, o diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Paulo Martins, e o professor Ruy Braga, docente da FFLCH que vem assessorando a Reitoria, além de outros(as) docentes e assessores(as).

A Reitoria se comprometeu a agendar uma reunião para a próxima semana, quando será formada uma mesa de negociação única para discutir a contratação de docentes, o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE) e questões específicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).

Daniel GarciaDaniel Garcia
Altino de Melo, diretor do Sindicato dos Metroviários, participa de “aula na greve” diante da Reitoria

O fato de a representação estudantil ter conseguido realizar a reunião logo no início do movimento “já é uma demonstração importante de que a Reitoria está vendo a nossa mobilização, que está se ampliando a cada dia, com novos cursos que se somam à nossa greve”, disse Davi Barbosa, da Diretoria do DCE-Livre, ao prestar contas da conversação aos manifestantes.

“O nosso movimento tem força, tem capacidade de arrancar vitórias nesta greve, que pode ser histórica na USP”, prosseguiu. “Conseguimos apresentar para a Reitoria todas as nossas demandas, colocando as hierarquias do que é mais urgente, dos cursos que estão em situação de calamidade.”

O estudante considera que a reunião demonstra que “a Reitoria está com medo da nossa mobilização, então precisamos seguir e ampliar o movimento”. “Hoje a Reitoria nos ouviu, mas não apresentou nenhuma proposta. Enquanto ela não tiver uma posição, a gente não sai da greve”, defendeu.

No final da tarde, a Reitoria divulgou uma nota na qual afirma ter realizado “uma reunião com dez representantes dos alunos e das alunas que organizam, hoje, movimentos de paralisação”.

“Por cerca de uma hora e meia, o diálogo fluiu de modo produtivo e com base na boa fé. Como resultado, marcou-se uma reunião de trabalho para a semana que vem, na qual a pauta de reivindicações será organizada para o encaminhamento das soluções”, prossegue o comunicado.

“A Reitoria respeita a autonomia do movimento estudantil e acolhe o diálogo com serenidade e respeito. Ao mesmo tempo, reafirma que mantém em curso o que pode ser definido como o maior esforço já empreendido por esta Universidade para a contratação de docentes. Temos 641 vagas para preencher e 238 já foram preenchidas. Ao final desse esforço, a USP terá o mesmo número de professores e professoras de 2014”, finaliza o texto.

Docentes e funcionários(as) se somam à mobilização estudantil

A greve estudantil teve início na terça-feira (19/9), com a paralisação dos(as) alunos(as) dos cursos de Letras, Geografia e História. Uma assembleia geral convocada pelo DCE-Livre para o final da tarde de terça-feira deliberou pela paralisação em toda a universidade a partir do dia 21/9.

A quinta-feira foi marcada por vários atos e mobilizações, como o “trancaço” do Portão 1 às 6 horas da manhã. À tarde, ocorreu uma aula pública em frente à Reitoria, com a participação de representantes de vários setores da universidade, parlamentares e de entidades como o Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

No final da tarde, integrantes de várias das baterias universitárias se somaram a uma caminhada que passou por algumas das unidades em que os(as) alunos(as) aderiram à greve, como a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). O ato terminou na Prainha da Escola de Comunicações e Artes (ECA).

Em pelo menos 25 cursos e/ou unidades da USP os(as) estudantes já aderiram à greve, aprovaram paralisação parcial ou irão deliberar sobre a adesão nos próximos dias. Em alguns casos, como na EACH, os(as) alunos(as) ocuparam os prédios.

Escola de Artes, Ciências e Humanidades volta a ser ocupada por estudantes

Um balanço do movimento em toda a universidade seria realizado em nova assembleia geral prevista para o final da tarde desta sexta-feira (22/9), na Prainha da ECA.

A mobilização repercute também na categoria docente. Em assembleia setorial nesta sexta-feira, professores(as) do Instituto de Psicologia (IP) decidiram realizar uma paralisação até a próxima terça-feira (26/9). A mesma decisão fora tomada pelos(as) docentes da FFLCH em assembleia setorial na quarta-feira.

A Adusp realizará assembleia geral na próxima terça-feira, às 16h, no auditório Nicolau Sevcenko (FFLCH) e com participação das sedes regionais por videoconferência, para avaliar o movimento pela contratação de docentes e deliberar sobre o indicativo de paralisação da categoria.

O Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp) também promoveu manifestações nesta quinta-feira, incluindo um ato em frente à Reitoria no final da manhã e participação nas atividades organizadas pelos(as) estudantes. Na próxima quarta-feira (27/9), assembleia geral da categoria tem como pauta o indicativo de greve por tempo indeterminado e a discussão do Acordo Coletivo de Trabalho dos(as) servidores(as) técnico-administrativos(as).

EXPRESSO ADUSP


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