A Diretoria da Adusp manifesta profunda solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) em razão dos brutais assassinatos ocorridos no Assentamento Olga Benário, em Tremembé-SP. No dia 10 de janeiro último, capangas armados retiraram as vidas de Valdir Nascimento e Gleison Barbosa, deixando também outros ativistas do movimento feridos, alguns em estado gravíssimo.

Os assentamentos conquistados pelo movimento social representam uma esperança de um mundo melhor, permitindo maior cuidado com a natureza e repartição de terras que não cumprem sua função social, concentradas em poucas mãos, em um país marcado por enorme desigualdade social. Atos de violência deste tipo procuram intimidar aquelas(es) que lutam pelo direito à terra e à vida, além daqueles da natureza.

A propósito, Valdir Nascimento era um colaborador de projetos de pesquisa e extensão no campo da agroecologia realizados por equipes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), especialmente aquele de avaliação de sistemas agroflorestais em assentamentos federais no estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Neste momento de indignação e grande tristeza, convém realçar as palavras de Janaina Anacleto em sua homenagem.

Além de liderança do movimento, Valdir Nascimento, “nosso Valdirzão”, não era “apenas um homem”, lembrou Janaína, valendo-se de uma metáfora para descrever o companheiro covardemente abatido pelos criminosos. “Ele era uma árvore frondosa, gigante, que abrigava vidas, sonhos e raízes profundas. Coletor de sementes, agrofloresteiro, pai, avô, marido… Ele era a própria vida pulsando em meio à terra. Quando uma árvore desse porte cai, o barulho é ensurdecedor. O impacto de sua ausência nos atravessa e reverbera em nossos corações. Mas o Valdirzão não caiu vazio. Ele estava carregado de frutos, cheio de sementes, pronto para multiplicar a vida. E com sua queda, essas sementes se espalharam, voaram longe como sementes aladas, procurando solo fértil para germinar”.

A clareira aberta por sua ausência, prosseguiu ela, agora é espaço para que essas sementes, em silêncio e resistência, criem força e floresçam. “Acham que derrubando uma árvore vão acabar com a floresta, mas se esquecem de que cada queda multiplica a vida. O Valdirzão não se foi, ele se transformou em uma infinidade de novas vidas, de novas possibilidades. Hoje, choramos, mas também semeamos. Porque a luta do Valdirzão é maior que o ódio que o derrubou, e sua memória é a floresta que jamais será destruída”.

Pela memória de Valdir, Gleison e de tantos outros lutadores e lutadoras pela reforma agrária e pelo meio ambiente que tiveram suas sementes espalhadas, floresceremos!

Valdir, presente!
Gleison, presente!

Diretoria da Adusp
15 de janeiro de 2025

EXPRESSO ADUSP


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