Universidade
Adusp questiona aplicação de agrotóxicos no gramado central do câmpus de Piracicaba, por colocar em risco a saúde da população
Na última quarta-feira, 11 de junho, foram colocadas placas no gramado central da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) com os seguintes dizeres: “Atenção: Proibido acesso ao gramado nos dias 12 e 13 de junho. Aplicação de herbicidas nocivos à saúde. Por favor, mantenha-se afastado do gramado”. No entanto, não houve comunicação prévia, nos canais institucionais (e-mail ou site), da decisão de aplicar herbicida na parte central do câmpus.
Diante disso, o Conselho Regional da Adusp procurou obter mais informações sobre a aplicação, dada a inexistência de detalhamentos técnicos na placa de aviso, bem como o não recebimento de explicações, nos canais institucionais do câmpus, sobre a decisão de empregar agrotóxicos naquela área.

A Adusp procurou o USP Recicla, repartição da universidade que colabora com a Prefeitura do Câmpus de Piracicaba em questões relacionadas ao meio ambiente. A responsável pelo USP Recicla informou que não tinha informações precisas sobre a aplicação. Em sequência, apurou-se que esta última seria realizada por volta das 15h da quinta-feira (12). Em conversa com o servidor encarregado da operação, soube-se que se tratava da primeira de várias aplicações de herbicida, cujo objetivo seria o controle de plantas daninhas no gramado central. O produto utilizado na primeira aplicação seria o herbicida 2,4-D, com aplicação via drone.
Procurada pela Adusp, a vice-prefeita do campus, professora Marli Fiore, confirmou estar ciente da aplicação, mas declarou desconhecer detalhes, informando apenas que a ação estava sendo organizada em conjunto com a Diretoria da Esalq, por meio do vice-diretor.
Durante o processo de apuração pela Adusp, observou-se que cada responsável indicava outro setor para o fornecimento de informações mais precisas, sem no entanto haver a apresentação de documento ou parecer técnico referente à aplicação, o que evidenciou certa falta de transparência. Quando procurados, os responsáveis não apresentaram esclarecimentos aprofundados.
Além desta opacidade, convém realçar a existência de uma nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que adverte: “a prática da capina química em área urbana não está autorizada pela Anvisa ou por qualquer outro órgão, não havendo nenhum produto agrotóxico registrado para tal finalidade”. Não se pode usar esse tipo de produto em ambientes urbanos, como calçadas, praças e vias públicas, pois não é possível garantir isolamento da área e uso de equipamentos de proteção e não há como garantir segurança à população.
Portanto, não há nenhum herbicida autorizado para aplicação no parque do câmpus da Esalq — especialmente considerando o constante fluxo de usuários no local e, com ainda mais gravidade, em feriado municipal, quando há maior presença da população em geral, o que inclui um grande número de crianças, que utilizam o gramado para recreação.
Diante desse cenário, e considerando a nocividade da aplicação de agrotóxicos — especialmente em horários de livre circulação de pessoas — nesta segunda-feira, 16 de maio, o Conselho Regional da Adusp encaminhou à direção da Esalq e à Prefeitura do Câmpus de Piracicaba uma solicitação por e-mail para obter esclarecimentos, contendo os seguintes questionamentos:
Frente à nota técnica que diz: “a prática da capina química em área urbana não está autorizada pela Anvisa”, quais herbicidas serão aplicados para controle de plantas daninhas do gramado central? Dado que [o câmpus] se encontra em perímetro urbano com grande circulação, inclusive de crianças e idosos.
- Qual o engenheiro agrônomo ou florestal responsável pela autorização da aplicação?
- Qual o objetivo técnico da aplicação?
- Quais herbicidas serão aplicados?
- A Prefeitura do Campus está realizando a aplicação com funcionários da USP ou contratou empresa terceirizada para tal fim?
- Quais serão os dias e horários previstos para as aplicações?
- Há uma estratégia de proteção para a fauna do campus, como patos, quatis, seriemas, quero-queros e outros animais?
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