Universidade
“Bolsas de empreendedorismo” da Auspin serão concedidas mediante aferição do “grau” e do “teor inovador-empreendedor” dos projetos
A Agência USP de Inovação (Auspin) publicou o Edital 1.903/2024, referente às suas “bolsas de empreendedorismo”, programa de subsídio ao intercâmbio com instituições estrangeiras, e cuja finalidade declarada é “oferecer oportunidades para desenvolver projetos relacionados à inovação e empreendedorismo”. O montante investido no programa é de R$ 1,16 milhão e o valor das bolsas varia de R$ 6 mil (América Latina) a R$ 10 mil (“outros destinos”).
O programa é definido pela Auspin como uma chamada anual “com o objetivo de apoiar alunos da graduação interessados em desenvolver atividades relacionadas ao empreendedorismo, habitats de inovação, empresas e centros de pesquisa no exterior”, e que “oferece oportunidade de aprendizado técnico e mercadológico, bem como de estabelecimento de rede de contatos e parcerias”. Implantadas pela Portaria GR 6.640/2015, as “bolsas de empreendedorismo” estão inseridas no Programa de Bolsas de Intercâmbio Internacional para alunos de Graduação da USP, tendo como meta “proporcionar experiência internacional em atividades de inovação e empreendedorismo aos alunos da graduação”.
Em reportagem publicada em abril de 2023 o Informativo Adusp Online apontou uma série de características bastante questionáveis do programa, tais como a participação de empresários ou representantes de empresas privadas nas bancas que escolherão os projetos vencedores; a inclusão de startups e outras empresas entre as instituições de destino elegíveis para o intercâmbio; a aferição da “relevância” das instituições universitárias de destino “considerando a sua classificação nos principais rankingsmundiais de sua área e sua relevância na realização de projetos de cunho inovador/empreendedor”, que pode excluir, por exemplo, universidades da América Latina.
Tais parâmetros foram mantidos no Edital 1.903/2024, uma vez que todas as inscrições “serão avaliadas por Comissão Ad Hoc da Auspin, formada por especialistas do setor empresarial e comunidade USP”, e o principal critério da seleção é a “Análise do Projeto de Empreendedorismo e Inovação”, com peso 6. Um dos itens da análise é denominado “Grau de empreendedorismo/inovação do Projeto”, e nele “deverá ser verificado o teor inovador/empreendedor da proposta e a mobilização destes conceitos [inovação e empreendedorismo]” (destaques nossos).
O edital não explicita, todavia, com quais instrumentos e métricas serão verificados e medidos o “grau de empreendedorismo-inovação” e o “teor inovador-empreendedor do projeto”.
O critério “Análise da Instituição no Exterior”, com peso 2, consiste na verificação da “relevância da instituição de destino considerando a sua classificação nos principais rankings mundiais de sua área”, etc., como no edital anterior. O critério “Análise do Perfil do Candidato”, também com peso 2, veta a participação de “projetos de pesquisa de cunho prioritariamente e/ou exclusivamente acadêmico”.
“Nenhuma surpresa com este tipo de edital, considerando a visão ‘empreendedora’ desta gestão e das anteriores”, comenta o professor Marcelo Zaiat, diretor regional da Adusp em São Carlos. “O cenário fica pior se considerarmos que as bolsas acadêmicas são menores que as ‘empreendedoras’, e excludentes, pois o-a discente tem que bancar parte dos custos já que a bolsa não é suficiente para a manutenção”.
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