No porto de Santos, marinheiros e Sintusp, com apoio do Fórum das Seis, resistem à tentativa da Reitoria de retirá-los das embarcações do IO
Faixas erguidas por diretores do Sintusp denunciam desligamentos (foto: Sintusp)

O comportamento imprudente, até mesmo irresponsável, da Reitoria da USP resultou, nesta quarta-feira (1º/11), em mais um dia de tensão no cais 8 do Porto de Santos, onde estão atracados o “Alpha Crucis” e o “Alpha Delphini”, embarcações de pesquisa do Instituto Oceanográfico.

A Reitoria pretende terceirizar as embarcações e delegar sua operação a uma empresa privada, contratada por R$ 8,8 milhões, mas ambas estão ocupadas por seus tripulantes, em sinal de protesto, desde que eles foram repentinamente retirados da folha de pagamentos da universidade. Isso ocorreu depois que a Procuradoria Geral decidiu recomendar a anulação de seus contratos e a decorrente extinção da relação de trabalho.

Nesta quarta a Reitoria deu um novo ultimato aos marinheiros, que vêm recebendo forte apoio do Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp), para que todos, inclusive os dirigentes sindicais ali presentes, se retirassem do “Alpha Crucis” e do “Alpha Delphini”, permitindo assim que as embarcações sejam entregues à empresa Brasil Atlântico Treinamento Infraestrutura e Serviços Marítimos Ltda. No entanto, os trabalhadores decidiram não sair das embarcações.

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Alpha Crucis, navio de pesquisa do IO atracado em Santos

Às 11h30, segundo relato do Sintusp, um representante da Reitoria chegou ao portão 8 do Porto de Santos para entregar uma ordem de desembarque da tripulação e dos representantes do Sintusp. “Os dirigentes e militantes presentes nos portões do cais do Porto informaram que nem ele nem a empresa terceirizada entrarão sem o acerto das contas com os trabalhadores!”, disse Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, em referência à decisão da Reitoria de não pagar sequer verbas rescisórias aos marinheiros. Frente à resistência encontrada, nenhum novo emissário da Reitoria apareceu até o final do dia.

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Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, fala aos tripulantes

A professora Michele Schultz, presidenta da Adusp e coordenadora do Fórum das Seis, esteve no local para prestar solidariedade aos tripulantes e à representação do Sintusp, mas foi impedida de entrar pela Guarda Universitária, que havia recebido ordens nesse sentido do diretor do IO, Paulo Sumida.

“A situação dos marinheiros é muito triste e revoltante. Enquanto eu falava com eles, vários estavam com olhos marejados. Fiquei consternada”, relata Michele. “Os comandantes estavam emocionados e agradeceram muito. Estavam todos muito abatidos quando chegamos e foram melhorando com a conversa”.

As entidades do Fórum das Seis estão de prontidão para se juntar aos trabalhadores caso haja insistência na saída deles sem que seus direitos sejam garantidos.

Nessa mesma data, a Diretoria da Adusp emitiu uma nova nota sobre a questão, lembrando que a responsabilidade pela contratação inadequada das tripulações é da USP e não dos trabalhadores, e que a Reitoria deve abrir diálogo e pedir desculpas pelo ocorrido, ao invés de agir como vem agindo.

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Separados por cerca, tripulantes e apoiadores no Portão 8 do porto

EXPRESSO ADUSP


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