No afã de promover a cultura do “empreendedorismo” na USP e despertar vocações empresariais no corpo discente da universidade, a Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e a Agência USP de Inovação (Auspin) encaminharam e-mail à comunidade, no último dia 24 de junho, para avisar que estão abertas as inscrições para a disciplina PRG 0005, “Fundamentos em Empreendedorismo”, oferecida conjuntamente pela PRG e Auspin.

Na mensagem ela é descrita como “disciplina totalmente online voltada a alunos de todos os cursos de graduação e [que] tem como objetivo despertar a mentalidade empreendedora, apresentar ferramentas práticas e conectar você ao ecossistema de inovação da USP”, com carga horária de 60 horas (2 créditos-aula + 1 crédito-trabalho), e aulas síncronas “com controle de frequência às quartas-feiras das 19h às 21h” (destaques nossos).

Tudo no conhecido vocabulário auspiniano. Nenhuma novidade. Porém, o que espanta é saber, em seguida, que as aulas da disciplina “são ministradas por professores, especialistas e empreendedores da USP” (destaques nossos). Portanto, pode-se deduzir que não é preciso mais ser professor da USP para lecionar as disciplinas oficiais da instituição? Basta ser “especialista”? E o que vem a ser “empreendedor da USP”?

Durante o curso, diz ainda a mensagem encaminhada pela PRG e Auspin, “você [estudante] contará com apoio constante de docentes, monitores e profissionais do ecossistema de inovação da USP, garantindo um aprendizado rico e colaborativo”.

Acrescenta o e-mail que a disciplina em questão “é o primeiro passo da trilha empreendedora da USP”, uma vez que ela é pré-requisito para “cursar, no semestre seguinte, a PRG 0017 – Como criar uma Startup, que em 2025 teve mais de 400 alunos inscritos, evidenciando o crescente interesse por inovação, startups e negócios de impacto social” (destaques nossos).

Espera-se que durante a “trilha empreendedora” os estudantes tenham acesso a toda a verdade sobre as startups. Em setembro de 2024 o site InfoMoney, especializado em negócios, revelou que “entre janeiro de 2015 e setembro de 2024, 8.258 startups brasileiras deixaram de existir”. O número correspondia, na época, a “quase metade das 16.936 startups que estão ativas atualmente no País”.

Por sua vez, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) admitiu, em abril de 2025, que 56% das 18.458 startups cadastradas na sua plataforma Sebrae Startups “não têm faturamento”.

EXPRESSO ADUSP


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